Um viva às “mulheres que cuidam de mulheres”! Quem de nós pode garantir que não será a próxima vítima?

Por Nara Rúbia Ribeiro

Lá se foi o tempo em que nossas jovens podiam sonhar com contos de fadas onde o príncipe estaria a postos para salvá-las do perigo. Há muito, os “príncipes” são vistos mais como “o perigo” do que como “os protetores”. Nos tempos sombrios do agora, mulher cuida de mulher! Nos protegemos mutuamente e nos salvamos, no campo dos fatos e das emoções.

Foi o que ocorreu para que um médico anestesista fosse preso em flagrante na madrugada desta segunda-feira (11), por abuso de vulnerável. Trata-se de Giovanni Quintella Bezerra, recém formado, que vinha 4bus4ndo de mulheres que estavam sob os seus cuidados durante parto cesariano no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em Vilar dos Teles, São João de Meriti, município na Baixada Fluminense.

O criminoso foi preso em decorrência da desconfiança das enfermeiras, primeiramente com relação à quantidade de sedativo que o anestesista aplicava nas pacientes. Além disso, ele se posicionava, segundo as enfermeiras, de modo muito suspeito, tapando todo o rosto das mulheres. Elas mulheres com certeza colocaram-se em risco, bem como arriscaram também os seus empregos, ao colocarem um celular num ângulo que pudesse filmar o que o médico estava fazendo ao “cuidar” da paciente.

Essas mesmas enfermeiras, imediatamente após terem a posse do celular com a gravação, denunciaram o caso à polícia, tendo os policiais chegado a tempo de fazer a prisão ainda em flagrante (logo após a prática do ato).

Essas enfermeiras trouxeram, por sua coragem, o livramento de talvez centenas de outras parturientes que possivelmente seriam vítimas do médico criminoso.

Este caso joga luz sobre a necessária atenção e proteção recíprocas que as mulheres devem dispensar umas às outras. Sabemos que embora sejam elevadíssimos os números de toda a violência praticada contra mulheres em nosso país, a verdade é que milhares de mulheres estão fora dessas estatísticas graças a outras mulheres. A vizinha que interfona e até vai à porta quando ouve algo suspeito. A amiga que aconselha, acolhe, que oferece apoio e abrigo. A desconhecida que se aproxima e faz com que um potencial agressor se sinta desencorajado ao ataque em um ponto de ônibus, ao ver que a vítima está acompanhada. A mãe que observa e alerta.

E é assim que a nossa sociedade se fortalece. É assim que o mal há de ser arrefecido. Lá se foi o tempo que competíamos entre nós por postos, holofotes ou vaidades. Pelos olhares do príncipe, lembram? O tempo é de união e de cuidado recíproco. Afinal, já nascemos em perigo apenas por sermos mulheres e qualquer uma de nós, por mais protegida que aparente estar, pode ser a próxima vítima (talvez fatal).






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