Como detectar a natureza búdica em meio a tanta ignorância, escuridão e confusão? O primeiro sinal de esperança para um marinheiro perdido no mar é avistar um facho de luz na escuridão da tempestade. Ao navegar em sua direção, ele chega à fonte de luz, ao farol. O amor e a compaixão são como a luz que emana da natureza búdica. No começo, a natureza búdica é um mero conceito muito além da nossa visão, mas se gerarmos amor e compaixão um dia conseguiremos caminhar em sua direção. Pode ser difícil enxergar a natureza búdica daqueles que estão perdidos na escuridão da ganância, do ódio e da ignorância. A natureza búdica dessas pessoas é tão distante que parece inexistir. Entretanto, até as pessoas mais sombrias e violentas têm lampejos de amor e compaixão, ainda que breves e tênues. Se esses raros vislumbres forem nutridos e se for investida energia para seguir na direção da luz, a natureza búdica dessas pessoas pode ser revelada.
[…]
Além do amor e da compaixão, existe um sem-número de caminhos disponíveis que nos levam mais perto da compreensão da natureza búdica. Mesmo se entendermos apenas intelectualmente a bondade fundamental do ser humano e de todos os demais seres, esse entendimento já nos aproxima da natureza búdica. É como se tivéssemos esquecido onde guardamos um anel de diamante precioso, mas pelo menos sabemos que está dentro de um porta-jóias, e não perdido na vasta encosta de uma montanha.
Embora empreguemos palavras como alcançar, desejar e rezar em referência à iluminação, em última análise não conquistamos a iluminação a partir de uma fonte externa. Uma forma de expressão mais correta seria descobrir a iluminação que sempre existiu. A iluminação faz parte da nossa verdadeira natureza. A nossa verdadeira natureza é como uma estátua de ouro que ainda está dentro do molde, e o molde é como os obscurecimentos e a ignorância. Assim como o molde não faz parte da estátua, a ignorância e as emoções não constituem uma parte intrínseca da nossa natureza, e por isso podemos falar em pureza original. Quando o molde é quebrado, surge a estátua. Quando os obscurecimentos são removidos, a nossa verdadeira natureza búdica é revelada. É importante, contudo, compreender que a natureza búdica não é uma alma ou essência divina verdadeiramente existente.
[…]
Quando Sidarta se iluminou, passou a ser conhecido como Buda. Buda não é o nome de uma pessoa; é a designação de um estado mental. O termo buda denota uma qualidade que tem dois aspectos: “realizado” e “desperto”. Em outras palavras, aquele que purificou os obscurecimentos e aquele que alcançou o conhecimento. Ao atingir o estado de realização debaixo da árvore bodhi, Buda despertou da visão dualista e do emaranhado de conceitos que a acompanha, como sujeito e objeto. Ele entendeu que nenhuma coisa composta pode existir de modo permanente. Ele entendeu que nenhuma emoção leva à felicidade, se provier do apego ao eu. Ele entendeu que não há um eu verdadeiramente existente, nem fenômenos verdadeiramente existentes que possam ser percebidos. E ele entendeu que mesmo a iluminação está além dos conceitos. Esse entendimento é o que chamamos a “sabedoria de Buda”, uma conscientização da verdade em sua totalidade.
Texto extraído do livro “O que faz você ser budista?“, de Dzongsar Jamyang Khyentse. Adquira o livro aqui.
Durante a coletiva de imprensa de Homem com H, cinebiografia que estreia nos cinemas no…
Se você está em busca de uma minissérie intensa, com apenas quatro episódios, que consegue…
Se você já se pegou pensando que o amor é coisa de novela ou que…
A Netflix lançou um documentário que está dando o que falar: Anna Nicole Smith: You…
Em 22 de fevereiro de 2022, um dia comum em Amsterdã foi interrompido por um…
Se você está procurando por filmes que vão além do entretenimento e oferecem histórias envolventes,…