Um dos romances mais arrebatadores da história do cinema agora está na Netflix

Na era dourada de Hollywood, o romance reinava como o gênero cinematográfico mais aclamado. Contudo, nos dias atuais (com o streaming e a Netflix), embora as comédias românticas sejam abundantes, os dramas românticos que verdadeiramente capturam a atenção, sustentando-se pela força de um enredo que proclama que o amor transcende adversidades, são escassos.

Eles frequentemente se ambientam em épocas distantes, refletindo a percepção de que, numa era saturada de sexualidade, o amor perdeu parte do impacto que costumava exercer. Nesse contexto, “O Despertar de Uma Paixão”, inspirado na obra de William Somerset Maugham, publicada em 1925, mantém sua relevância como uma obra de arte que desafia as convenções, proporcionando uma experiência intelectualmente estimulante.

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Sob a direção precisa de John Curran, o filme preserva a essência da trama. Kitty, interpretada por Naomi Watts, enfrenta a pressão de seus pais para seguir o padrão social da época, casando-se e abandonando qualquer aspiração pessoal. A trama se desenrola na década de 1920, quando as expectativas sociais moldavam o destino das mulheres.

Walter Fane, um biólogo interpretado por Edward Norton, surge como uma figura que orbita a vida de Kitty, desejando secretamente envolver-se com ela, mesmo diante da falta de indícios de reciprocidade. Norton entrega uma interpretação austera e, ao mesmo tempo, revela a vulnerabilidade do personagem, permitindo ao espectador compreender a complexidade das pressões sociais que ambos enfrentam.

A proposta visual de Curran destaca-se por respeitar a narrativa original de Somerset Maugham. A carga filosófica do filme questiona a instituição do casamento, levantando a questão de se é possível alcançar plenitude e felicidade de outras maneiras. O roteiro de Ron Nyswaner, ao não subestimar a profundidade do material original, insinua que o matrimônio, por si só, não é garantia de realização.

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As solidões e desafios enfrentados por Kitty e Fane ganham destaque, especialmente quando confrontados com a hostilidade de uma China esquecida e miserável, marcada por doenças epidêmicas.

Ao explorar a atmosfera enigmática da China do passado, a trilha sonora de Alexandre Desplat, com suas notas secas de piano, destaca as solidões dos protagonistas. O filme revela-se como uma jornada pela vida de dois indivíduos que, por força das circunstâncias e convenções sociais, veem-se enredados em um matrimônio que desafia suas próprias naturezas.

“O Despertar de Uma Paixão” transcende as fronteiras do tempo, oferecendo uma reflexão poética sobre o amor, suas complexidades e a eterna busca por significado em meio às convenções sociais e às reviravoltas imprevisíveis da existência.

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Fonte: Revista Bula






Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.