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Ucrânia: “Peguei a mão da minha filha e falei: ‘Corre, a gente pode chorar mais tarde’”

Kateryna Tytova, 35, e Tajisia, 5, nunca imaginaram que estampariam capas de jornais pelo mundo. Muito menos por um motivo tão triste. Mãe e filha foram fotografadas enquanto, literalmente, corriam de ataques russos em Kiev, quando a guerra começou.

Elas ainda não saíram da Ucrânia, mas conseguiram ir para uma parte mais segura, no centro-oeste do país. Em entrevista ao The Sun, a mãe relembrou todo o terror que viveu naqueles momentos.

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A família, na verdade, já tinha precisado fugir uma vez. Kateryna, seu marido, Olexandr, 35, e seu filho mais velho, Makar, agora com 10 anos, moravam em Donestsk, mas tiveram que deixar o local em 2014, quando a região foi dominada por separatistas russos. Então, foram para Hostomel, que fica nos arredores da capital ucraniana, Kiev. No dia 24 de fevereiro, os ataques russos começaram pela região e eles se viram obrigados a literalmente correr para salvar suas vidas.

“Estávamos correndo, arrastando as crianças. Insistimos: ‘mais rápido, mais rápido!’”, lembra ela. Em meio aos escombros e barulhos de armas e vidros estilhaçados, ela disse à filha, de apenas 5 anos: “Por favor, corra! A gente pode chorar mais tarde”.

Kateryna contou que via as casas todas pegando fogo em volta delas. “Um soldado gritou para mim: ‘Não olhe! Não olhe!’. A dez metros de nós havia uma mãe, um pai e a filha deles, mortos na estrada. Um projétil os atingiu diretamente enquanto eles também corriam para salvar suas vidas, ao nosso lado”, lembra, com terror nos olhos.

“Nunca tive tanto medo. Eu, realmente, achei que não íamos conseguir”, afirma. “Tinha veículos militares queimados por toda parte. As cenas me lembraram de filmes de terror, de apocalipse zumbi. No entanto, os corpos no chão não pertenciam a um filme ou jogo de computador. O bombardeio se intensificou, até que, em uma manhã, um projétil voou para o nosso pátio. A explosão quebrou todas as janelas. O prédio balançava para frente e para trás como se estivéssemos em um barco. Minhas pernas ficaram moles como gelatina. As crianças estavam em pânico”, conta.

Foi aí, então, que a família pegou o que pôde e teve que se despedir, aos prantos, do gato e dos dois cachorros, que não podiam ser levados. “Quando saímos de casa de quatro, parecia que tudo ao nosso redor estava explodindo. O chão tremia. Estávamos cercados por trincheiras cheias de equipamentos militares, armas – e mais corpos”, relata.

Agora, a família está hospedada na casa de amigos e espera poder reconstruir o próprio lar.

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Fonte: O Segredo

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Gabriel Pietro

Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.

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