Texto do site Aleteia
A atriz Sharon Stone, que tem três filhos adotivos, contou suas dores físicas e morais devido aos abortos espontâneos e convidou outras mulheres a falar sobre o assunto e encontrar entendimento para o que é um verdadeiro desafio
Não costumo acompanhar notícias ou fofocas daquele planeta próximo e inacessível chamado Hollywood. Mas acontece que, em mais de uma ocasião, Sharon Stone fez declarações ou pedidos públicos que me chamaram a atenção. Talvez simplesmente porque esses pedidos parecem autênticos e envolvem experiências que se refletem na vida de muitas mulheres.
A dor pela morte do sobrinho
Em 2021, Sharon Stone fez sinceros pedidos de orações pelo sobrinho de quase um ano, filho de seu irmão Patrick, acometido pela falência múltipla de órgãos.
Em dia do mês de agosto, ela saiu às pressas de Veneza, onde chegou para filmar um comercial da Dolce & Gabbana. Naquele dia, o estado de saúde do pequeno River, que imediatamente pareceu muito grave, não deixava muito espaço para esperança.
No entanto, ela, como uma tia normal (e o que mais ela poderia ter sido nesta conjuntura, senão uma mulher vulnerável atingida em uma de suas maiores afeições?), se apegou àquele fio de esperança e conclamou os fãs: “É necessário um milagre, por favor, orem por ele”. A atriz ainda postou uma foto da criança entubada.
A dor intensa e debilitante dos abortos
Sharon Stone tem três filhos adotivos e não é a primeira vez que ela conta algo sobre o drama relacionado à maternidade frustrada em seu caminho biológico natural.
Ela sofreu nove (isso mesmo: nove) abortos espontâneos, o que lhe”enfraqueceu o espírito e o corpo”, como ela declarou a um site italiano.
Muitas de nós já tiveram aborto espontâneo. Por isso é sábio e correto que quem tem mais visibilidade coloque o tema a serviço de uma causa tão delicada: a experiência do luto quase negada às mães que perdem um filho durante a gravidez.
Falar ajuda
Em um post no Instagram, Stone escreveu:
“Nós, mulheres, não temos um espaço adequado para falar sobre essa perda. Perdi nove filhos por aborto espontâneo. Isso não é pouca coisa, nem fisicamente nem mentalmente. Isso faz você se sentir sozinha, quase que com um segredo a esconder, uma vergonha a esconder, com uma sensação de fracasso.”
No entanto, nem tudo é culpa da sociedade, do outro “insensível e mau”; é a própria experiência do aborto que inflige dor. E, certamente, poder contar com o apoio e a troca íntima do pai dessas crianças não nascidas já é uma ajuda considerável.
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Mães precisam de compaixão
Melhor ainda se pudermos ampliar essa rede de compaixão e consolo, mas sem atribuir ao homem a causa primeira de tanta dor.
Sharon Stone disse que sofreu abuso por parte do avô. Como, então, não desenvolver certa desconfiança pelos homens?
É precisamente o homem, porém, que pode dar à mulher a maternidade; eles se fecham em uma aliança maravilhosa que permite que a mãe e o filho entrem no mundo, protegidos.
A primeira necessidade, o verdadeiro direito inalienável na base de tudo, é precisamente o da vida, o de nascer. Por isso, enxergamos o aborto como injusto e doloroso. Não deveríamos, então, nos unir, especialmente nós mulheres, em defesa dos nascituros excluídos à força da vida por serem indesejados?
Portanto, obrigado Sharon Stone por dar voz aos que não têm voz!
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