Texto de Bianca Sparacino
A vida não é como uma linha reta. Ela não é um conjunto de horários e de gráficos. Não há nada errado se você não terminou os seus estudos numa determinada idade, se você é casado ou não, se encontrou um emprego estável ou se começou a formar a sua própria família, etc. Você necessita entender que, se você não se casou com seus 25-30 anos, se não se tornou vice-presidente aos 33 ou se não encontrou a felicidade na idade X, ninguém pode julgá-lo ou condená-lo.
E, se porventura alguém o fizer, isso de nada importa. Você pode questionar o caminho traçado a qualquer tempo. Pode dar um tempo a si mesmo para parar e descobrir o que, de fato, o inspira. Você tem direito a esse tempo (muitos se esquecem disso).
Não raro começamos o planejamento das nossas vidas no colegial e assim seguimos os planos. Com base nesses planos vem o curso a ser estudado, o trabalho a executar…
Depois de um tempo, levantamos todas as manhãs e vamos ao trabalho, não por livre escolha diária, mas porque devemos confirmar a decisão que tomamos um dia.
Mas um dia acordamos em meio à mais profunda depressão, intuimos que nos prende e que não nos deixa viver plenamente, mas não saberemos do que se trata. Assim, destruímos nossa vida.
Destruímos nossa vida escolhendo a pessoa errada.
Por que será que é tão grande a nossa ânsia por relacionamentos? Por que somos tão obcecados pela a ideia de “estar” com alguém e não com a de “ser” alguém? Esse sentimento que nasce da necessidade de dormir com alguém que esteja ali para suprir a nossa necessidade de atenção e não os nossos verdadeiros sentimentos, não é o tipo de amor que vai nos inspirar a acordar às 6h da manhã e abraçar a pessoa que dorme ao lado.
É preciso encontrar um amor que nos transforme no melhor que somos. Não nos ceguemos no vazio do “não quero dormir sozinho”. Estar sozinho é bom. Passe algum tempo com você mesmo, coma sozinho, durma sozinho e, dentro de algum tempo, você encontrará coisas novas e interessantes sobre você, coisas de que nem suspeita. Você vai crescer como pessoa e encontrará o que o inspira, será de fato o dono dos seus sonhos e crenças.
Quando chegar o dia de encontrar aquela pessoa que faça cada uma das células do seu corpo dançar, você se sentirá confiante com ele ou com ela, porque tem confiança em si mesmo. É preciso saber esperar!
Destruímos nossa vida ao permitir que o passado tenha controle sobre nós.
Na vida flui… Essa é a sua principal característica! Nela, há decepções, frustrações, dias em que você se sente um nada… Esses sentimentos chegam fortes e de malas feitas. Parece que vieram para ficar por muito tempo, mesmo, mas não devemos permitir que eles nos controlem.
Se você permitir que cada situação desagradável se torne o prisma que define sua percepção das coisas, verá o mundo de forma negativa e distorcida. E, se você permitir isso, corre o risco de ficar parado num mesmo lugar por anos, por estar convencido, por exemplo, de que é estúpido; de deixar passar o amor, porque você sente que a sua ex lhe deixou por não ser bom o suficiente e agora você não acredita em mulheres (ou nos homens).
É como um círculo vicioso. Se não se permitir deixar o seu passado para trás, você contuará a ver o mundo através da janela suja do passado.
Destruímos nossa vida quando nos comparamos com os outros.
A quantidade de seguidores que você tem no Instagram nada diz do seu valor como pessoa. O número de zeros à direita em sua conta bancária não terá nenhum efeito real sobre a sua compaixão, inteligência ou felicidade. Alguém que tenha duas vezes mais propriedades do que você poderá não vai experimentar um tipo especial de alegria.
Sinceramente? O fato de aquele velho colega de faculdade ter postado fotos no Facebook naquele resort fantástico ou no hotel mais bacana da cidade não faz a menor diferença na sua vida. Todo mundo sabe disso, mas, ainda assim, muitas vezes se compara e se sente “por baixo”, nessas situações.
Estamos presos no falso mundo das redes sociais, ainda que provavelmente isso não nos leve à morte, mas nos destrua gradualmente ao criar em nós a necessidade de nos sentir “importantes” e pressionar os outros para que também sigam esse ideal.
Destruímos nossa vida ao nos privar das emoções.
Tememos que os outros saibam o quanto significam a nós. Muitas vezes, o interesse por alguém pode parecer até uma loucura. Sim, expressar as suas emoções por alguém faz com que você se torne um pouco mais ’vulnerável’, mas não há nada errado com isso; pelo contrário: pode ser algo mágico e encantador desnudar a alma e mostrar-se honesta e integralmente.
A pessoa a quem você ama tem o direito de saber o quanto ela o inspira. Diga, por exemplo, à sua mãe que você a ama. Diga isso mesmo quando você estiver diante dos seus amigos ou nas redes sociais. Seja forte o bastante para não permitir que a sua alma se torne uma pedra.
Destruímos nossa vida quando passamos a suportá-la ao invez de desfrutá-la. Quando nos conformamos com menos do que desejávamos inicialmente, destruímos as possibilidades que vivem dentro de nós e é como trair a nós mesmos e a nosso potencial.
Quem disse que o próximo Michelangelo não está sentado agora na frente da tela do computador, organizando documentos alheios porque precisa para pagar as contas ou porque trabalhar assim é mais fácil do que buscar seus sonhos?
A vida, o trabalho e o amor estão inevitavelmente ligados entre si. Estejamos prontos para ver, na diversidade e na imprevisibilidade, a felicidade que a vida nos dá.
O texto foi livremente adaptado pela Equipe da Revista Pazes.