Infelizmente, falar de abandono emocional nunca é algo fácil, ainda mais se no fundo do debate está uma criança.
Quando uma criança passa por um abandono emocional o que ela realmente tem é uma falta imensa de resposta às suas necessidades emocionais, que pode lhe trazer, em casos extremos, um grande déficit a nível psicológico e, consequentemente, afetar também a saúde física.
O abandono é definido, no seu primeiro sentido, como aquele ato que implica “deixar, desamparar alguém ou alguma coisa”. No momento em que a criança sofre abandono emocional, o que ela experimenta é uma sensação de desamparo que os pais procuram suprir cobrindo as suas necessidades, muitas vezes materiais.
O afeto é vital para o desenvolvimento emocional de uma criança
Na etapa de crescimento de uma criança é importante que ela sinta que tem pais que se preocupam com as suas necessidades. O que acontece é que muitas vezes eles se concentram tanto nesta parte que descuidam da parte mais emocional. É verdade que uma criança está rodeada de objetos materiais como roupas, brinquedos, coisas para o seu cuidado… mas uma criança também demanda demonstrações de amor, como um abraço ou uma conversa sobre o seu humor.
Existem algumas circunstâncias que favorecem a origem deste problema, pois muitas vezes o abandono emocional pode vir, por exemplo, pela falta de tempo dos pais. Os pais, às vezes, se veem obrigados a trabalhar em horários que, inevitavelmente, não lhes permitem estar com seus filhos como gostariam: a impossibilidade de fortalecer os vínculos emocionais às vezes leva a pensar que o carinho pode ser oferecido por outras vias.
Contudo, o afeto é vital para o desenvolvimento emocional de uma criança, para que ela cresça de forma feliz e psicologicamente saudável: segundo alguns especialistas, a criança deveria receber suficiente segurança e aprovação para fazê-la sentir-se parte da família à qual pertence. Do contrário, o dano emocional causado na criança pode ser irreversível.
Algumas consequências do abandono emocional de uma criança
As consequências que podem surgir do abandono emocional costumam ser maiores no caso de uma criança. De fato, a experiência faz com que o dano psicológico e afetivo que ela recebe marque de uma forma negativa o resto da sua vida. Vejamos algumas destas possíveis consequências a seguir:
•Dificuldades na escola: este é o segundo habitat no qual a criança cresce, de modo que se o seu emocional não for o adequado fora desse ambiente, também não o será ali. Todas as repercussões negativas poderão ser refletidas nas suas atividades na escola, e no seu dia a dia com o estudo e com os relacionamentos com outras crianças.
•Transtornos de alimentação: normalmente nosso emocional influencia diretamente os nossos hábitos alimentares. O abandono emocional pode impactar diretamente a saúde
em forma de transtornos desta índole, que poderão precisar de terapia psicológica.
•Problemas de autoestima: talvez este seja um dos pontos mais fortes a considerar. Embora seja verdade que não é sempre assim, a autoestima de uma criança que sofre de abandono emocional tende a diminuir progressivamente. Isto, além do mais, pode repercutir no desenvolvimento da sua personalidade, podendo se exteriorizar como codependência, violência ou, inclusive, depressões posteriores.
•Depressões e ansiedade: o dano emocional criado pode ser bastante severo para a etapa adulta de uma criança. A falta de segurança ou confiança em si mesma pode levá-la a sofrer depressões e estados de ansiedade que dificultem a sua vida diária e os relacionamentos interpessoais que possa ter.
•Reflexo familiar negativo: quando o abandono emocional impactou negativamente uma criança, a probabilidade dessa falta de afeto influenciar seu futuro familiar próprio é maior. Muitas vezes, os pais que não se preocupam com a saúde emocional dos seus filhos são assim porque nunca receberam esta preocupação dos seus pais.
Qualquer criança pode sofrer abandono emocional na sua vida. Diante de qualquer indício de abandono emocional, é aconselhável tratá-la com um especialista que possa ajudá-la a redirecionar a situação e a solucionar as carências afetivas.