Texto de Clara Down, do Portal Raízes
Esta imagem de um homem usando uma máscara toda puída, comoveu o coração dos internautas que levantaram a bandeira:#leveumamascaraextracomvocê. A fotografia é de autoria de Graciela López, foi publicada na Revista Cuarto Scuro e revela a realidade de 700 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza em todo mundo. Então, quando você sair de casa, por favor, leve uma máscara extra com você. Há milhares de pessoas que sequer têm condições de comprar uma máscara.
Não estamos no mesmo barco
“Estamos no mesmo mar, mas uns estão em iates e outros nadando contra a maré”. Sem testagem, os números com certeza são muito maiores que os registrados. Um levantamento realizado por Paulo Lotufo, epidemiologista da USP, mostra que nas cinco cidades mais atingidas pela epidemia, o total de mortes aumentou 30% em comparação aos anos anteriores. O “excedente de mortes” supera em 173% o dos óbitos atribuídos à Covid-19. Isso indica que temos pelo menos mais que o dobro de mortes pela pandemia do que relatam as autoridades.
Governantes e autoridades que nos chamam para a guerra contra (o inimigo comum) a Covid-19, não tratam os doentes e os mortos deles da mesma maneira como tratam os nossos.
Não estamos no mesmo barco. O coronavírus não atinge a todos por igual. A falta de saneamento básico faz com que 35 milhões de brasileiros não tenham água tratada e 100 milhões não disponham de coleta de esgoto. O Brasil é um país que está entre os dez mais ricos do mundo, entretanto se posiciona em 175º lugar em desigualdade. E justo quando a epidemia atinge em cheio os mais pobres, fábricas e governantes orientam a volta ao trabalho, fazendo da classe operária bucha de canhão para garantir lucros, colocando em risco as suas vidas e as de suas famílias.
Quem são os 1.810 bilionários na lista da Forbes que acumulam US$ 6,5 trilhões, equivalente ao que tem 70% mais pobre do mundo?
O relatório divulgado pela Oxfam, é um dos mais importantes documentos de denúncia e mostra bem uma das facetas do capitalismo: a concentração, cada vez, maior da riqueza, daqueles que não precisam lutar por nenhum direito, só lutam por privilégios custem os direitos de quem custar. Por que 700 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, num mundo que produz US$ 255 trilhões?
Por que a desigualdade só aumenta, com pandemia ou sem pandemia?
Porque, por trás dos discursos eleitoreiros, todos são instrumentos do imperialismo e da burguesia, dentro de um esquema muito bem orquestrado para manipular, oprimir e explorar à classe trabalhadora desde á infância até à velhice. Quantos mais miseráveis, mais acreditarão que é impossível chegar onde os “inteligentes e capazes” chegam. Não tem como acabar com a exploração, sem acabar com o sistema sobre qual a exploração se sustenta. O mundo inteiro precisa de um ‘reset’, mas a gente espera que não seja com uma pandemia e sim, com uma revolução de equidade social.