As inevitáveis adversidades da vida frequentemente vêm na forma da ação de outras pessoas. Desde pisar no seu pé por acidente até uma agressão física brutal e intencional, as pessoas farão coisas para você, direta ou indiretamente, que o desagradarão. Então, como entender e praticar o perdão?
A resposta de uma consciência baixa para isso é irar-se, vingar-se ou cultivar alguma forma de raiva contra o agente de sua adversidade. Contudo, essa resposta não faz nada além de ampliar o seu sofrimento. Retribuir o ódio com ódio perpetua o ódio. Mesmo externamente, isso trará mais adversidades para sua vida na forma de consequências negativas para a sua raiva. Por exemplo, se o seu vizinho joga lixo no seu quintal e, então, você joga lixo no quintal dele, ele ficará irritado e buscará por mais outra forma de irritar você. Você, então, ficará irritado com isso e buscará igualmente por uma forma de retaliação, e isso nunca terá fim. Vemos isso no Oriente Médio: violência sendo confrontada com violência, que causa mais violência – um ciclo de crescente violência. O resultado é que temos o inferno na terra, sem previsão de fim. Brigas de gangues seguem o mesmo padrão vicioso. Todos perdem.
Em um nível, precisamos de justiça e preservar nosso bem-estar. Se alguém comete um crime ou machuca você, medidas precisam ser tomadas. Se é algo sério, autoridades civis têm que ser acionadas. E você deve tomar medidas práticas para prevenir que o incidente não aconteça novamente. Externamente, você deve fazer o que tem que ser feito para manter em segurança você mesmo e outros.
Por dentro, no entanto, você tem que adotar uma postura diferente. O que quer que tenha acontecido, tinha que acontecer. Esse é o seu novo desafio. Você não deve perder tempo com lamentação ou raiva, e muito menos se sentindo uma vítima. Você deve simplesmente aceitar o evento, ser grato pelo desafio, confiar que isso é para o seu crescimento e benefício último e lidar com isso com a consciência elevada, agindo em karma-yoga. Em vez de escolher sofrer, você deve buscar a iluminação.
Se você ficar preso na primeira parte, de não perder tempo com lamentação ou ira, você precisa se valer do perdão. Perdoar está entre suas ferramentas para afrouxar o apego recorrente ao sofrimento e desejos latentes de cultivar o ódio ou buscar por vingança. É sua última linha de defesa cortar seus laços tanto com o evento causador de sofrimento em questão quanto com o agente dessa miséria. Se você não fizer isso, você se manterá apegado à miséria e ao agente e continuará sofrendo.
Perdoar não significa que você concorda com o que foi feito ou que está dizendo que está tudo bem, que não há problema algum. Perdoar significa abandonar o sofrimento por entender que isso foi a ação de outra pessoa, não sua, e por decidir que você não quer se manter conectado a isso. É você dizendo: “Você fez isso; lide com as consequências. Eu não sou responsável por lhe lembrar de seus atos errados”.
Perdão não é para o benefício de quem cometeu o erro ou o crime; é por você mesmo. Você não está sendo “bonzinho” para agradar Deus ou alguém mais. Você está perdoando porque é a única maneira de você ficar feliz e livre de negatividades.