De todas as mensagens e homenagens feitas à cantora Marília Mendonça, falecida na tarde do último dia 05, a que mais nos emocionou, sem dúvida, foi a fala do jornalista e apresentador Pedro Bial.
Uma breve e emocionada crônica, em tom poético, cravejada das dores de um país inteiro, dizendo da pressa da partida e da canção interrompida que a vida da cantora se tornou aos nossos corações.
Fala de dor dessa despedida tão inesperada e nos leva a ponderar que conta a voz que hoje silencia, mas mais vale ainda o que ela viveu. A pessoa que ela se tornou a cada um de nós. E que isso, não importa onde a distância que Marília esteja de nós, “é para sempre”.
Foi com esta crônica que o Fantástico se iniciou na noite de ontem, levando-nos, nós que já choramos tanto, novamente às lágrimas.
Ouça abaixo e leia:
O G1 publicou o texto da crônica, na íntegra. Leia:
“Hoje, a gente olha pro céu e clama, “pra que tanta pressa? “; e reclama, cambaleante, sem o chão de tua voz.
Marília, por que tanta pressa? Por que tão rápido?
Você ainda tinha tanta história pra viver e ouvir e depois em versos nos contar, tanto canto a doar.
Por que tão rápido, pra que a pressa?
Que versos você escreveria pra explicar isso? Como termina essa canção, interrompida pelo estrondo de silêncio? Que música é essa em descompasso e desafino, onde dó é só padecimento?
Como toda história, uma canção tem começo, meio e fim. E alguém já disse que toda canção começa buscando um meio de chegar ao fim. A canção de sua vida parece foi interrompida antes de encontrar o meio. É tão anti-natural, chegar ao fim, sem nem acabar de começar. Arrancaram a flor, ficou seu sonoro perfume a consolar um jardim entristecido.
Pois, agora, você que falava das coisas fugidias da vida, essas coisas de amores e dores, encontros e adeuses, você que libertava as palavras, deixando que voassem passarinhas pra nos consolar e pra que a gente as acolhesse no ninho de nossas solidões; agora, Marília, seus versos se aquietaram, imóveis, como mão de mãe, suave, sobre cabeça de menino, pousados sobre nossa memória.
Hoje, a gente lhe pergunta: “Nunca mais, Marília?”.
E, com um sorriso mais manso do que triste, você nos responde que não, não é “nunca mais”. Dedilha o violão, compondo uma canção pros anjos, e diz, “É para sempre”.”
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