Os casais e suas estranhas relações de poder

Nem é preciso ser especialista para perceber uma relação de poder e submissão entre muitos casais. Terapeutas costumam descrever essas relações através de tipos de comportamento: os passivos, passivos agressivos, assertivos e os agressivos.

As pessoas passivas são aquelas que costumam aceitar tudo o que seus parceiros ou parceiras façam. Evitam ao máximo qualquer tipo de conflito. Não conseguem dizer “não”. Geralmente se sentem vítimas e são facilmente manipuladas pelos outros.

Os passivos agressivos são como o próprio nome já os descrevem. Geralmente quem está com um passivo agressivo não percebe o fato com clareza e rapidez. Os passivos agressivos costumam sentir raiva, se vingam dos parceiros (as), sentem ressentimento e fazem questão de parecer tristes. São discretamente manipuladores.


Os agressivos ferem os demais deliberadamente, gritam ou levantam a voz com frequência, são fisicamente agressivos e agem com raiva. Costumam intimidar as pessoas à sua volta. Falam de forma rápida e intensa, sem parar.

Os assertivos são pessoas transparentes, sinceras, costumam ser equilibradas e geralmente tem bom humor e espírito esportivo. Erram, mas assumem seus erros e conversam sobre eles. Tratam os parceiros como iguais, sem relação de poder ou submissão.

Se na vida profissional essas características já se sobressaem e se fortalecem de acordo com o cargo de cada um, o que dizer dessas mesmas relações dentro de um namoro ou casamento, onde supostamente ambos deveriam ter uma relação de amor e não de poder?

Quantos de nós já não nos questionamos sobre alguém que admiramos, pelo fato da mesma estar numa relação amorosa de muita ou total submissão? Para quem está “de fora” é, na maioria das vezes, de difícil compreensão uma pessoa calma e passiva, que aceita outra agressiva e dominadora, por exemplo.

Segundo especialistas, num relacionamento, ninguém, nunca, é cem por cento vítima ou cem por cento culpado. Todos são responsáveis pelas estranhas relações de poder e submissão. É tão culpado quem fere, quanto quem aceita ser ferido.

Num mundo ideal, tanto no âmbito profissional, social, familiar, quanto amoroso, as pessoas que conseguem ter o comportamento assertivo têm mais chances de serem felizes e bem sucedidas. Porém, em qualquer área da vida, alcançar este comportamento tem relação antes de tudo com o caráter e personalidade, além da maturidade adquirida com os anos vividos.

Quando nos apaixonamos, não temos muita consciência e conhecimento do tipo de comportamento do outro. E por isso, lá na frente, podemos nos pegar em um tipo de relacionamento que não seja muito saudável.

Eu, particularmente, posso afirmar que já me vi como uma pessoa passiva agressiva no passado. E tudo o que pude transformar, com o passar dos anos, foi a mim mesma, em uma pessoa assertiva. A partir daí, ficou mais fácil identificar o tipo de comportamento que espero de outrem e fugir dos demais.

Leva tempo para que possamos transformar quem somos para algo melhor. É difícil falar sobre isso quando ainda somos jovens e com pouca experiência de vida.

Mas vale saber e nunca esquecer, que temos a capacidade de mudar quem somos e como nos relacionamos. Mas nunca seremos responsáveis pela forma como o outro se comporta ou pelo o que o outro é.

Numa relação de amor, é possível que até mesmo dois agressivos se amem. Bem como dois passivos e as tantas possíveis combinações de relacionamentos. Mas é a vida, os anos vividos e os relacionamentos que temos em nossa trajetória, o que nos tornam capazes de perceber o que funciona e o que nem vale a pena.

E antes de entender o outro e como o outro se comporta, vale perceber primeiro quem eu sou e como eu mesmo me comporto. Melhoro primeiramente a mim. A partir daí, tudo se torna uma questão de escolha!






Brasileira, 41 anos, formada em Tecnologia em Processamento de Dados, pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas. Atua numa multinacional na área administrativa como profissão. Escritora, colunista e roteirista por paixão. Poliglota. Autora de doze livros publicados de forma independente pelo Amazon, além de quatro roteiros para filme registrados na Biblioteca Nacional.