A primeira coisa é que, numa democracia, nós somos os grandes provedores da política, isto é, os que lá estão não aparecem porque tomaram o poder, isso seria uma ditadura. Nós os colocamos. O que significa que, de um determinado modo, nossas boas escolhas para a gestão pública da atividade política é decisiva. Em segundo lugar, a incapacidade que algumas pessoas têm, às vezes, de supor que a política não acontece somente na época das eleições. Ela exige que eu continue acompanhando no meu dia a dia aquilo que é feito pelas pessoas que me representam. E, terceiro, é que as pessoas de bem se candidatem também para os cargos. Se a gente diz que a política está muito vinculada ao desvio, ao ‘entornar o caldo’, é preciso quem não queira fazê-los, isto é, gente que não quer ser desonesto, que ela decida também participar da política.
A corrupção é uma possibilidade. Mas ela não é uma obrigatoriedade. Eu insisto sempre: a corrupção nunca será extinta da vida humana porque nós somos livres para o malefício e para o benefício. Isso significa que posso, sim, ter a situação, mas não sou obrigado a ter. Você tem mecanismos judiciais que bloqueiam isso, uma sociedade que acompanha e recusa a corrupção do dia a dia. Porque quando eu encontro um grande movimento é porque ele acontece no dia a dia e no momento em que a pessoa se relaciona com o poder público. Quando essa pessoa está na frente do agente de trânsito, quando ela quer oferecer e facilitar. Essas são coisas que, pouco a pouco, vai minando nossa condição.
Rui Barbosa disse que ‘chegará o dia em que o homem teria vergonha de ser honesto’.
Veja entrevista na integra:
Entrevista com o professor Mário Sérgio Cortella. Repórteres: Handerson Pancieri e Suelen Reis. TV Anhanguera, Goiânia-GO