Espiritualidade

“Olhar apressadamente dificulta o crescimento do amor. Só a calma da contem- plação nos faz perceber o que as palavras não contam.”

Não raro o padre Fábio de Melo, cantor, escritor e poeta, nos brinda com reflexoes de grande sabedoria. Em seu livro É sagrado viver, da Editora Planeta de Livros, ele nos fala da importância do olhar sereno e calmo, da contemplação dos seres amados, das coisas e dos fatos, para que possamos enxergar a beleza que ali se esconde em sua real dimensão.

Eis o trecho selecionado:

“Lá em Minas Gerais nós temos uma expressão redundante que usamos o tempo todo. Quando ficamos indignados com alguma coisa, dizemos: “Olha procê vê!”.

Traduzindo, essa junção de palavras é a mistura da preposição para, com o pronome você, transformados em “procê” com os verbos “olhar e ver”. É como se nós quiséssemos chamar atenção, salientar, que, se quisermos ver, teremos que olhar bem.

É verdade. Nem sempre aquele que olha vê. Porque ver é um pouco mais que olhar. Há pessoas que até olham, mas não veem. Os mineiros sabem disso. É por isso que exclamam sempre a redundância que alerta para a necessidade de olhar devagar para as coisas.

Olhares apressados veem pouco. Quem não demora no que vê se limita a esbarrar na imagem. Penso no mistério do olhar que demora, daquele que não se apressa para ver. É dom escasso nos dias de hoje. O mundo repleto de atrativos nos faz querer ver tudo ao mesmo tempo. Neste tempo de correrias intermináveis, nós perdemos o dom de olhar as coisas, as pessoas e os fatos com a calma que
lhes é merecida.

Há momentos da nossa vida em que o olhar demorado acontece mais naturalmente. Quando a maternidade e a paternidade chegam na vida do casal, por exemplo, o filho recém-nascido ao colo provoca-lhes o desejo de contemplar a obra de suas vidas. Olham com calma a cria de suas carnes. Olham querendo decorar suas feições. Olham querendo descobrir o que deles e dos seus está impresso na nova criatura. Alguns pais e mães não desaprendem olhar com calma os filhos, mas há outros que perdem logo o costume.

Olhar apressadamente dificulta o crescimento do amor. Só a calma da contemplação nos faz perceber o que as palavras não contam. A intimidade se constrói com os olhos. Quando não existe, ainda que o outro esteja ao lado, nós o perdemos de vista.

Trecho da cronica: “Olhar devagar”
No livro “É sagrado viver”
Autor: Fábio de Melo

Revista Pazes

Uma revista a todos aqueles que acreditam que a verdadeira paz é plural. Àqueles que desejam Pazes!

Share
Published by
Revista Pazes
Tags: Amorolharver

Recent Posts

Roupas com mofo: entenda as causas e aprenda a remover

Saiba por que o mofo aparece nas roupas e veja dicas eficazes para eliminá-lo de…

1 dia ago

Maneiras de economizar na alimentação diminuindo o delivery

Confira hábitos que ajudam a poupar, sem abrir mão de refeições saborosas e práticas Em…

1 semana ago

Cozinhando para a família: receitas para criar refeições caseiras reconfortantes

Veja como preparar pratos simples e cheios de sabor para toda a família Todo mundo…

1 semana ago

Como funciona a conversão de imagem em texto por OCR?

OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres) se tornou uma parte essencial de toda organização de larga…

1 semana ago

Acabou de chegar no streaming: Filmaço sobre catástrofe global vai te grudar na TV por 122 minutos

O clássico de 1996 Twister marcou época, e agora sua continuação, Twisters, chega ao Max,…

1 semana ago

Com só 8 episódios, essa minissérie cheia de reviravoltas vai te tirar o fôlego

Para quem gosta de histórias intensas e imprevisíveis, Cromañon, a nova minissérie do Amazon Prime…

1 semana ago