Logo no preâmbulo do livro Pocket Zen – 100 histórias budistas para meditar, o autor nos faz um alerta por meio deste pequenino conto:
“O mestre japonês Nan-in aceitou conceder uma audiência a um professor de filosofia. Ao servir o chá, Nan-in encheu a xícara do visitante, mas continuou despejando sem parar.
Oprofessor ficou observando o transbordamento até não poder mais se conter.
“Pare! A xícara está mais do que cheia, não cabe mais nada aí”, disse o professor.
“Assim como esta xícara, você também está cheio de conceitos e idéias. Como posso mostrar-lhe o zen, sem que antes você esvazie a sua xícara?”, disse o mestre.”
É assim que o convidamos a esvaziar-se de si e a refletir sobre o conto budista que aqui selecionamos para uma serena leitura:
“Em um mosteiro havia um velho monge que deixava os jovens totalmente intimidados. Não que ele fosse severo com eles, mas porque nada, absolutamente nada, parecia perturbá-lo ou afetá-lo. Os jovens viam nele algo inquietante e resolveram testar a paciência do velho monge.
Numa escura manhã de inverno, quando era tarefa do velho monge levar a oferenda de chá à sala do monge superior, o grupo de jovens se escondeu em uma das curvas do longo e sinuoso corredor do mosteiro.Quando o velho se aproximou, eles saíram do esconderijo dando gritos assustadores. Mas nada adiantou. Sem sequer alterar o passo, o velho monge seguiu andando com calma, levando cuidadosamente a bandeja de chá.
Próximo à sala havia uma mesinha. O velho foi até ela, colocou a bandeja de chá, cobriu-a para protegê-la da poeira e, então, só então,apoiando-se contra a parede deu um grito, numa exclamação de susto.O mestre Ikkyu ao relatar essa história comentou:
“Compreendemos que não há nada de errado em termos emoções. Só não devemos deixar que elas nos perturbem ou nos impeçam de fazer o que estamos fazendo”.
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