Por José Anastácio de Sousa Aguiar
Tenho observado na prática clínica que dois são os sentimentos presentes em todas as neuroses, independentemente das questões fáticas envolvidas: o medo e a culpa. O medo tratarei em outra crônica, deter-me-ei nessas poucas linhas a trazer alguns aspectos ligados à culpa.
A alusão de diversos pacientes, quando discorrem seus sonhos, lúcidos ou não, à existência de um (ou muitos) olho(s), levou-me a estudar melhor a matéria e perceber a intima relação entre a ocorrência recorrente dos olhos com a temática da culpa.
Ao longo da história da humanidade, o olho tem sido visto por várias culturas com simbologias diversas, mas invariavelmente passa pelo controle, que tende a desaguar na culpa. Como exemplo, cito o Olho de Hórus, que no Antigo Egito significava poder e proteção (controle).
A Igreja Católica, em vários dos seus centros de formação, em especial na Idade Média, desenhava um grande olho nos vestiários e banheiros de seus noviços, que representava o Olho de Deus, que tudo vê.
A nota de um dólar, com o desenho de um olho no pináculo de uma pirâmide e a expressão “Novus Ordos Seclorum” (Nova Ordem dos Séculos) reforça a consciência coletiva da relação simbiótica triangular: olho, controle e culpa.
Pois bem, em geral, os pacientes não compreendem a significação da simbologia de seus pensamentos e sonhos, e tendem a minimizar a importância da culpa na gênese e evolução das neuroses e psicoses, o que, ao longo do tempo, desequilibra a saúde mental do indivíduo, podendo, dependendo do caso, desaguar em um quadro psicótico de prognóstico desanimador.
Finalizo com Carl G. Jung: “Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir a sua vida e você vai chamá-lo de destino.”
José Anastácio de Sousa Aguiar
Psicanalista, hipnoterapeuta e terapeuta de vidas passadas
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