Um dos filmes mais emocionantes e sensíveis da última década acaba de entrar no catálogo da Netflix. “O Castelo de Vidro”, escrito pela jornalista, publicado em 2005, teve a sua versão para os cinemas gravado em 2017. Trata-se de um belíssimo relato autobiográfico que da jornalista Jeannette Walls que vem conquistando corações desde a publicação do livro. conta a história da própria autora, desde sua infância até a fase adulta.
O livro é dividido em três partes e começa com a infância de Jeannette. A jornalista e escritora é a segunda dos quatro filhos de Rex e Rose Mary Walls, um casal que administra uma família excessivamente desfuncional e que vivia de forma nômade, dormindo em casas abandonadas e até mesmo ao relento.
O pai, Rex, brilhantemente interpretado no filme pelo ator Woody Harrelson, fazia trabalhos temporários, enquanto a mãe, interpretada por Naomi Watts, é uma mulher fantasiosa e relapsa que pouco atenção dá aos filhos, nutrindo grandes fantasias acerca de suas pinturas, sua arte.
A situação da família de Jannette é ainda mais agravada em face da progressiva dependência alcoólica do pai, bem como de seus frequentes abusos físicos e psicólogicos à sua esposa e filhos.
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No livro, a segunda parte conta sobre a adolescência de Jeannette. Ela e sua família se mudam para uma cidade do Arizona, onde seu pai começa a trabalhar em uma mina. Lá, Jeannette se apaixona por um rapaz chamado Billy, que a incentiva a ir para Nova York atrás de seus sonhos. Ela consegue um emprego em uma revista, onde começa a escrever e se destacar.
Na terceira parte do livro, Jeannette já é adulta e trabalha como jornalista. Ela ainda mantém um relacionamento difícil com seus pais, que vivem como nômades em busca de trabalho e comida.
A estrutura narrativa do filme é diferente da forma com que a história foi contada no livro, mas mantém a sua essência.
No filme, uma das felizes diferenças é a intercalação entre cenas do passado e do presente. Na versão cinematográfica, a história é contada em ordem cronológica, com cenas da infância e adolescência de Jeannette entrelaçadas a momentos do presente, em que ela já é adulta e trabalha como jornalista. Outra inovação é que o filme retrata a relação da personagem com sua avó, que não está presente no livro.
Ver de perto a forma com que os pais de Jannette criaram seus filhos, em muitos momentos, é avassalador. A negligência chegava a questões básicas, como alimentação e água, sem falar que grande parte do tempo as crianças não frequentaram a escola em razão do estilo de vida apregoado e empreendido pelos pais.
Mas há, como em toda relação humana, uma complexidade que nos leva a ter, muitas vezes, empatia pela visão social e lúdica dos pais, que olhavam o mundo com poeticidade e leveza. O nome do livro e do filme se origina dessa poeticidade, uma vez que, diante dos momentos mais difícil de suas vidas, o pai se refugiava e abrigava toda a família no ilusório projeto do “Castelo de Vidro”, residência que construiria, repleta de encanto e beleza.
Jannette, embora tenha crescido em um ambiente tóxico e disfuncional, conseguiu encontrar forças para seguir em frente, trilhando seu próprio caminho e construindo sua própria identidade.
O relacionamento de Jeannette com seus pais é complexo e cheio de altos e baixos. Às vezes, ela se sente profundamente conectada a eles e percebe a beleza em sua vida nômade e independente. Em outras ocasiões, ela se questiona se deveria tê-los abandonado e construído uma vida diferente.O filme evidencia a beleza da relação familiar, embora, muitas vezes, ela esteja repleta de espilhos.
Veja o trailer:
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