Psicologia e Comportamento

O amor verdadeiro não é encontrado, é construído.

Texto de Iara Fonseca, do site Seu Amigo Guru
Um amor verdadeiro exige construção diária, tijolo por tijolo, exige cálculos precisos, uma boa fundação, um bom alquimista que misture o cimento que unirá as estruturas diversas de maneira maciça e segura, exige atenção aos detalhes, ao que parece fútil e decorativo, mas que na verdade é o que transmite a beleza de se relacionar e amar. Mas a maioria de nós não têm paciência para amar e ser amado.

Essa frase que dá título ao texto é tão verdadeira, infelizmente não conheço o autor, mas fui tocada a fazer com que ela seja conhecida por todos!

A gente quer que o amor chegue pronto, a gente tem pressa, e a pressa faz da gente um amante impaciente e nessa toada, a gente faz a nossa alma viver em um ritmo acelerado, sofremos com a ansiedade, prejudicamos nossa relação com os outros, arrumamos compromissos demais e nem atentamos que o amor de verdade vem de dentro, do que temos dentro, e se no nosso interior encontramos sentimentos negativos, emoções desequilibradas, e um desamor por nós e por todos, é praticamente impossível que a vida te apresente um grande amor verdadeiro.

Quando a quietude é de menos, acabamos sempre frustrados e insatisfeitos. Quando a quietude é demais, mas sem que o florescimento espiritual aconteça, a tristeza se instala, e o coração se fecha.

Quando nos misturamos ao barulho do mundo, damos ouvidos demais a falações e achismos, a retóricas e certezas de pessoas incertas, acabamos construindo uma vida de reclamações e desgostos e mesmo que queiramos um amor verdadeiro, não o receberemos, porque ainda não somos nós, capazes de amar de verdade. O nosso amor ainda é mesquinho, egoísta, ciumento, impaciente, estressante, bruto, e o amor não é nada disso, o amor verdadeiro exige delicadeza.

Para “encontrar” um amor verdadeiro você precisa entender em primeiro lugar que amor a gente não encontra, a gente constrói, por isso que a palavra amor, e também o sentimento “amor”, está sempre ligado ao ato da caridade. Porque quem realmente ama, sempre se coloca a disposição de maneira caridosa, sempre na intenção de fortalecer o outro, de proteger seu templo sagrado, nesse processo, não existe espaço para picuinhas, revoltas, culpabilidade, existe apenas entendimento e respeito a individualidade, a liberdade, e as vontades do outro.

Você não vai encontrar o amor verdadeiro se colocando constantemente no furacão do burburinho da vida.
Você vai descobrir o que é amor de verdade quando você estiver pronto internamente para amar com a verdade que você esconde. E esconde atrás de palavras que você joga ao vento, mas que não sente.

A verdade que você esconde porque você mesmo acha que ela não é tão agradável e que não transmite uma imagem sedutora, ou atraente. Mas, mal sabe você, que é nessa verdade que você esconde, é nela, que mora a sua força, é ela que precisa ser curada e ressignificada, para que você possa conhecer o amor verdadeiro.

É ela que mascara a sua vida e te faz parecer superficial, e passar uma imagem de uma ovelha desgarrada, que não compreende e não acata a própria voz interior, ao contrário disso, foge e não quer trazer a luz as suas questões internas.

E se essas questões internas não forem trabalhadas, elas serão as responsáveis por causar a queda de qualquer relacionamento que você tente manter de pé.

Porque uma relação é um projeto rascunhado que precisa de planejamento e empenho, e para esse projeto sair do papel e se materializar em vida, ele precisa que as pessoas envolvidas o honre e o mantenha de pé com atitudes certas e honestas.

Se um “projeto” nasce inicialmente, logo de cara, com uma mentira, é como se tivéssemos querendo ganhar em cima daquela “obra”, e se nosso objetivo é sempre ganhar, utilizaremos materiais de má qualidade, tintas tóxicas, tijolos porosos, maquiaremos a construção, a deixaremos com uma aparência bela por fora, mas colocaremos todos os envolvidos em um risco, e não podemos minimizar os riscos, porque eles são reais.

Vidas podem ser perdidas, talvez, não fisicamente nessa metáfora que faço comparando um relacionamento amoroso a um projeto de construção de uma casa, mas emocionalmente, porque quando brincamos com o amor, matamos muita gente por dentro.

Porque amor é vida!

Quando você brinca com o amor, com o seu, e com o do outro, você joga um jogo sujo com a vida, e a vida, te devolve toda a sujeira que você insiste em esconder de todos com quem você se relaciona, e principalmente, de você mesmo.

Olhe para a sua sujeira interna, não fuja mais das suas questões fundamentais, não viva mais como um adolescente, cheio de amigos e que se disfarça a cada novo grupo que pertence.

Não é justo com você continuar vivendo assim, não é justo com aqueles que cruzam o seu caminho, porque a vida é feita de fases claras, fases que exigem que nós tiremos as nossas máscaras. E para viver um amor verdadeiro é preciso que larguemos as máscaras.

E que nos coloquemos a disposição para travar as mudanças internas fundamentais para que aprendamos a conviver com o outro, a aceitar as diferenças, a entender o processo e as necessidades evolutivas do outro.

Se você realmente quer viver um amor verdadeiro, comece sendo verdadeiro com você mesmo.

Não sejamos ingênuos, precisamos, antes de viver uma intimidade, aprender a amar a nossa própria companhia e a lidar conosco, a nos conhecer e a nos amar, mas sobretudo, a olhar para as nossas questões internas que ainda permanecem escondidas até de nós mesmos, e dizer:

“Eu vou transformar essas verdades que eu escondo de todos porque eu tenho consciência que esse sentimento que nutro não é amor, e vou aprender a ouvir a minha voz interior para que assim, o amor possa nascer dentro de mim”.

Muitas vezes achamos que já possuímos muito amor dentro, porque ajudamos muitas pessoas, porque nos doamos em caridade, porque emprestamos nossos ouvidos para quem necessita, mas na verdade, todas essas nossas ações para o bem, podem estar escondendo uma relação de dependência, de carência, ou até de escravidão, por conta da necessidade que ainda mantemos em receber o elogio do outro, a amizade do outro, o tempo do outro.

E para que consigamos viver o amor verdadeiro, precisamos primeiro não precisar do outro, porque de nada vale o outro me aplaudir e me elogiar se eu não estou convivendo bem comigo.

Faça para você o que você quer receber do outro, e diariamente olhe para si mesmo e revele seus segredos para que você consiga aprender a amar sem ansiedade, sem apego e sem se anular.

Fortalecer a sua experiencia de autoconhecimento é o único caminho para “encontrar” o amor verdadeiro, porque é no seu interior que ele mora, e se o seu interior estiver enlameado, é assim que o seu amor estará.

Limpe a sua casa interna se você realmente deseja viver um amor verdadeiro!

Em alguns casos, não existe nem se quer uma casa, apenas um espaço vazio, e é nesse espaço que você deverá construir, com bases fortes, o amor verdadeiro.

Comece plantando o amor com uma pequena semente, ele poderá florescer, e iniciar o jardim que envolverá a construção que está por vir.

Encare o amor como uma construção diária, e não como algo a ser encontrado e que se manterá firme sem esforço, porque nessa vida, não existe nada que não exija esforço, muito menos o amor verdadeiro.

Iara Fonseca é jornalista, poeta, educadora social, fundadora e editora de conteúdo do Rede de Ideias: PRODUÇÃO DE CONTEÚDO. Seu interior é intenso, sempre foi, transforma suas angustias em textos que ajudam muito mais a ela própria do que a quem lê. As vezes se pega relendo seus textos para tentar colocar em prática aquilo que, ela mesma, sabe que é difícil. Acredita que viemos aqui para aprender a ser, a cada dia, um pouco melhor, para si mesmo, e para o outro!

Revista Pazes

Uma revista a todos aqueles que acreditam que a verdadeira paz é plural. Àqueles que desejam Pazes!

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