Créditos da foto de capa HomeArt
Em um mundo de aparências líquidas, amizades frágeis e amores fracos, ser verdadeiro tornou-se quase que uma ofensa. Ou andamos de acordo com a onda hegemônica do lugar comum, subjugando-nos ao que a maioria dita como normal, ou sofreremos a incompreensão, muitas vezes violenta, de muitos. Haja o que houver, não se furte de dizer a verdade.
Não se desculpe por ter alertado ao amigo sobre as atitudes que fazem dele uma pessoa pior, chamando à realidade de seu comportamento, toda vez que ele se desviar dos caminhos serenos da ética, enveredando para os descaminhos perigosos e, muitas vezes, sem volta. Amigos não servem apenas para beber cerveja, mas também para ajudarem-se enquanto seres humanos decentes.
Não se desculpe por ter se colocado, ao colega de trabalho, quanto às atitudes dele que lhe desagradam, sobre a necessidade de haver limites de tolerância, para que você não se sinta prejudicado. Sempre existirá quem queira puxar o tapete do outro, de forma a tentar se sobressair às custas das falhas alheias, em vez de se destacar pelo que se é. Sim, a estes deve ficar claro nosso nível de paciência.
Não se desculpe por ter dito aquilo que pedia o seu coração, mesmo que tenha sido um tanto quanto antipático, desde que não tenha sido grosseiro – podemos ser firmes sem ofender, sim. Inevitavelmente, por mais que nos calemos diante do que nos desagrada, necessitaremos por para fora esse nó que engasga o nosso emocional, ou adoecemos. Somente engolir acaba nos forçando a cuspir fogo na hora errada e com quem não merece.
Não se desculpe por ter dito “eu te amo” todos os dias em que estiveram juntos, por ter amado com todas as suas forças, pela entrega inteira, total, integral, pelo mergulho no mar de sentimentos que invadia a sua essência enquanto construía seu relacionamento, por ter desejado invadir a afetividade de quem você amava acima de tudo. Errado não é se lançar por completo e insistentemente ao encontro de quem faz o coração vibrar, mas sim fugir covardemente de alguém por medo do não, da dor, medo do amor.
Todos sabemos, – de tanto ouvir e ler sobre – o quanto a verdade harmoniza, acalma, elucida, fortalece. Tudo o que perdermos em razão de termos sido verdadeiros foi embora como bênção, como livramento, afinal, o que nos alimentará a esperança e a certeza amorosa sempre será aquilo que vier de forma transparente. O resto, dispensa-se por si só.