Educação e Direitos Humanos

“E proclamamos que não se exclua ninguém senão a exclusão” – um grito por igualdade

No ano em que se comemora os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, artistas de diferentes matizes se reuniram, sob a coordenação da Anistia Internacional, para a gravação do vídeo “Manifestação”.

O vídeo nos faz refletir acerca das maiores mazelas sociais dos nossos tempos, incitando-nos a criar uma nova sociedade em que “não se exclua ninguém, senão a exclusão“.

Abaixo, assista ao vídeo e confira, em seguida, a letra:
‘Manifestação

(Letra de Carlos Rennó; Música de Russo Passapusso, Rincon Sapiência e Xuxa Levy)

Manifestação

Aqui estamos na avenida,
Pelas ruas, pela vida,
Marchando com o cortejo
Que flui horizontalmente,
Manifestando o desejo
De uma cidade includente

E uma nação cidadã
Traduzido numa canção,
Numa sentença, num mantra,
Num grito ou numa oração…

… Por todo jovem negro que é caçado
Pela polícia na periferia;
Por todo pobre criminalizado
Só por ser pobre, por pobrefobia;

Por todo povo índio que é expulso
Da sua terra por um ruralista;
Pela mulher que é vítima do impulso
Covarde e violento de um machista;

Por todo irmão do Senegal, de Angola
E lá do Congo aqui refugiado;
Pelo menor de idade sem escola,
A se formar no crime condenado;

Por todo professor da rede pública
Mal-pago e maltratado pelo Estado;
Pelo mendigo roto em cada súplica;
Por todo casal gay discriminado.

E proclamamos que não
Se exclua ninguém senão
A exclusão.

Aqui estamos nós de volta,
Sob o signo da revolta,
Por uma vida mais digna
E por um mundo mais justo,
Com quem já não se resigna
E se opõe sem nenhum susto

A uma classe dominante
Hostil à população,
Numa ação dignificante
Que nasce da indignação…

… Por todo homem algemado ao poste,
Tal qual seu ancestral posto no tronco;
Por todo jovem que protesta até que o prostre
O tiro besta de um PM bronco;

Por todo morador de rua, sem saída,
Tratado como lixo sob a ponte;
Por toda vida que foi destruída
Em Mariana ou no Xingu, por Belo Monte;

Por toda vítima de cada enchente,
De cada seca dura e duradoura;

Por todo escravo ou seu equivalente;
Pela criança que labuta na lavoura;

Por todo pai ou mãe de santo atacada
Por quem exclui quem crê num outro deus;

Por toda mãe guerreira, abandonada,
Que cria sem o pai os filhos seus.

E proclamamos que não
Se exclua ninguém senão
A exclusão.

Eis aqui a face escrota
De um modelo que se esgota.
Policiais não defendem;
Políticos não contentam;

Uns nos agridem ou prendem;
Outros não nos representam.

E aquele que não é títere,
E é rebelde coração
Vai no face, no zapp, no Twitter e
Combina um ato ou ação…

… Por todo defensor da natureza,
E cada ambientalista ameaçado;
E cada vítima de bullying indefesa;
E cada transexual crucificado;
E cada puta, cada travesti;
E cada louco, e cada craqueiro;
E cada imigrante do Haiti;
E cada quilombola e beiradeiro;

Pelo trabalhador sem moradia,
Pelo sem-terra e pelo sem-trabalho;
Pelos que passam séculos ao dia
Em conduções que cansam pra caralho;

Pela empregada que batalha, e como,
Tal como no Sudeste o nordestino;
E a órfã sem pais hétero nem homo,
E a morta num aborto clandestino.

Impelidos pelos ventos
Dos acontecimentos,
Louvamos os mais diversos
Movimentos libertários
Numa cascata de versos
Sociais e solidários

Duma canção de protesto
Qual canção de redenção,
Uma canção-manifesto,
Canção-manifestação…

… Por todo ser humano ou animal
Tratado com desumanimaldade;

Por todo ser da mata ou vegetal
Que já foi abatido ou inda há-de;

Por toda pobre mãe de um inocente
Executado em noite de chacina;
Por todo preso preso injustamente,
Ou onde preso e preso se assassina;

Pelo ativista de direitos perseguido
E o policial fodido igual quem ele algema;

Pelo neguinho da favela inibido
De frequentar a praia de Ipanema;

E pelo pobre que na dor padece
De amor, de solidão ou de doença;

E as presas da opressão de toda espécie,
E todo aquele em quem ninguém mais pensa…

E proclamamos que não se exclua ninguém
Senão a Exclusão.

Dando à vida e à alma grande
Um sentido que as expande,
Cantamos em consonância
Com os que sofrem ofensa,
Violência, intolerância,
Racismo, indiferença;

As Cláudias e Marielles
Rafaeis e Amarildos
Da imensa legião

De excluídos do Brasil, do SUL ao norte da nação.

E proclamamos que não
Se exclua ninguém senão
A exclusão

Revista Pazes

Uma revista a todos aqueles que acreditam que a verdadeira paz é plural. Àqueles que desejam Pazes!

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