“Pensaram que era surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade”.
A frase, dita pela pintora mexicana Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, ou simplesmente Frida Kahlo, nos faz começar a entender as obras dessa que é uma das figuras mais importantes de todo o século XX. A história de Frida encontra importância em vários aspectos de sua vida. De gênio forte e personalidade irreverente, sua vida foi marcada por um turbilhão de acontecimentos, os quais ilustram suas pinturas e as tornaram representações fantásticas de suas experiências.
Nascida em Coyoacán, no México, em 1907, logo aos seis anos contraiu poliomielite, doença que a deixou com uma lesão em um dos pés e com uma perna mais fina que a outra. Anos depois, aos dezoito anos, Frida sofreu um acidente de ônibus, o qual a deixou com sequelas e complicações para o resto de sua vida. Na ocasião, seu ônibus escolar se chocou com um trem, onde uma barra de ferro atravessou seu corpo, ferindo-a da bacia à vagina. Foi aí então que, de fato, começou a história da emblemática pintora.
Durante sua recuperação, passou a pintar o que via no espelho à sua frente: na cama, com coletes ortopédicos e sofrendo com dores intensas, ela conseguia transferir para as telas o que estava sentindo tanto em seu corpo como em sua mente. E foi com essa transmissão de sentimentos que ela pintou durante todos os anos de sua existência.
A beleza de Frida sempre foi ímpar. Quando vemos pela primeira vez um retrato seu, as sobrancelhas grossas, as roupas floridas (em homenagem ao seu país), o cabelo irreverente e o olhar marcante nos provocam certo impacto, mas logo nos vemos envolvidos pela sua grandiosidade, e é fácil contemplar e admirar sua figura. A força que a beleza de Kahlo transmitia encantava homens e mulheres.
Casou-se duas vezes com Diego Rivera, um dos mais importantes pintores da história do México, e tiveram, nas duas vezes em que foram casados, relações extremamente turbulentas. Traições, de ambas as partes, desgastaram os casamentos e deprimiram profundamente Frida. Rivera a traiu com sua irmã, Cristina, e juntos tiveram seis filhos. Posteriormente, a pintora perdoa o marido e retoma o casamento, sem, contudo, perdoar a irmã. O segundo casamento do casal foi tão turbulento quanto o primeiro. Diego chegava a afirmar que permitia que a esposa o traísse com outras mulheres (Frida nunca escondeu sua bissexualidade), entretanto jamais admitiria que ela mantivesse relações com outros homens. Um dos relacionamentos mais famosos de Kahlo foi com Leon Trótski nos tempos em que o intelectual abrigou-se no México quando fugia de Stálin. Além dele, relacionou-se com diversos outros intelectuais, artistas e figuras importantes, mas nunca escondeu sua profunda ligação por Diego.
Extravagante, bissexual, comunista, intelectual e artista. A mexicana nunca se escondeu por trás de máscaras. Participou de manifestações e inúmeros atos políticos. Viveu intensamente, apesar de todos os problemas de saúde que permearam sua vida. Sua dor foi fonte principal de inspiração. Chegou a declarar que pintava a si mesma porque era sozinha e porque era o assunto que conhecia melhor. Seu comportamento único e sua superação diante de tantos problemas a transformaram em um símbolo que vai além da arte. Ela é marca e fonte de inspiração para todos, mas principalmente para as mulheres, as quais podem encontrar em sua história de vida e de luta motivos para se superarem.
Uma mulher à frente de seu tempo, que vestia-se de flores e se cobria de tinta e política. Uma mulher que enfrentou seus medos e que teve, em sua desgraça, sua maior contemplação. Frida Kahlo foi (e continuará sendo) uma mulher maravilha.
Por Brisa Libardi
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