“Quanto mais competentes educadores os pais forem, menos necessários se tornarão eles para os filhos”
Brasil, São Paulo, SP. 17/11/2006. Içami Tiba, psiquiatra e escritor, autor do best-seller "Quem ama educa", em seu consultório na capital paulista. Tiba foi recentemente entrevistado para o programa "Perspectivas" sobre o comportamento prematuro dos adolescentes. - Crédito:MONALISA LINS/AE/AE/Codigo imagem:31689

Todo pai ou mãe, ao ver-se na condição de esperar pela chegada de um filho, passa a observar com outros olhos o mundo que o rodeia. Lembro-me que durante a gravidez repetia constantemente, enquanto ouvia os noticiários e acariciava a minha barriga, os versos de Sophia Andresen: “Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo”

Essa dolorosa constatação da fragilidade de tudo o que nos cerca muitas vezes faz com que passemos a confundir esse amor infinito com apego demasiado. Na ilusão de que possamos protegê-los da dor e das angústias dos nossos tempos, passamos a cercar os nossos filhos de cuidados excessivos, presentes desnecessários – não raro meros caprichos – e nem paramos para refletir se os nossos gestos e as nossas palavras estão a forjar homens e mulheres resilientes e nobres.

Na ânsia do “ser para eles”, esquecemo-nos de “ser com eles”. Incitar-lhes, na convivência, a força, a determinação, a autonomia, a reflexão ética.

Içami Tiba, em seu maravilhoso livro “Quem Ama, Educa“, nos dá uma bela orientação sobre a arte da paternidade:
“A arte de ser mãe e pai é educar os filhos para que se tornem afetivamente autônomos, financeiramente independentes e cidadãos éticos do mundo. Quanto mais competentes educadores os pais forem, menos necessários se tornarão eles para os filhos, e o vínculo afetivo será mantido eternamente em nome da saudável integração relacional.”

Em face dessas palavras, mesmo diante da nossa impotência em dar aos nossos filhos o mundo que gostaríamos de lhes oferecer, pasamos a compreender que podemos entregar ao mundo humanos que se sintam preparados para enfrentar as fragilidades dos “tempos líquidos” em vivemos.

E que não nos sintamos inúteis, quando desnecessários. Afinal, é para o mundo, e não para nós mesmos, que criamos e educamos os nossos filhos.

A Revista Pazes recomenda a leitura do livro Quem Ama, Educa, de Içami Tiba.

Nara Rúbia Ribeiro
Especialmente para a Revista Pazes






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