O juiz João Marcos Buch atua na Vara de Execuções Penais e é Corregedor do Sistema Prisional da Comarca de Joinville, Santa Catarina. Ele implementou um projeto que incentiva os presos a lerem e a refletirem sobre os textos lidos, elaborando resumos e fazendo críticas aos livros.
Ele se diz sempre impressionado e não raro se mostra sensibilizado com os comentários que os presos fazem acerca do que leram. Um destes textos é o que transcrevemos abaixo. Trata-se de um detento que leu e teceu considerações sobre o livro “Fernão Capelo Gaivota”, de Richard Bach, um livro que, no dizer do apenado: “nos ensina que não somos apenas o que vemos mas sim algo maior”.
Vale conferir a reflexão!
“FERNÃO CAPELO GAIVOTA
“RESUMO DE LEITURA
Fernão Capelo Gaivota. Essa é uma história sobre uma gaivota que luta pela sua própria sobrevivência. Quando jovem, adorava voar, mas tinha uma dificuldade por não ser igual às outras do seu bando, caçadores e mergulhadores. É quando Fernão se apega aos seus treinamentos de voo. Fernão era uma gaivota diferente das outras, não era igual ao bando pois tinha sonho de liberdade, sabia das suas próprias leis e quando sabia que tinha razão era uma gaivota que tinha o prazer de fazer coisas especiais, coisas bem feitas e por uma dessas foi quando a gaivota Fernão foi banida do bando, pois a maior parte das gaivotas não se preocupava em aprender mais do que os simples voos de ir da costa até a comida e voltar e Fernão queria mais, queria ser livre e voou mais do que podia, voou para bem longe da costa e aprendeu a voar mais do que qualquer gaivota.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEITURA
“Uma história ótima de ler, nos ensina que não somos apenas o que vemos mas sim algo maior, que todos podemos fazer nosso máximo, basta apenas ter confiança, esperança e força de vencer e mostrar a todos que podemos por mais difícil que seja, basta seguir em frente e nunca desistir. Assim ensinou o grande Fernão Capelo Gaivota.”
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Convidado a comentar a resenha do detento, o juiz Buch ponderou: “O que posso dizer sobre isso? Posso dizer que essa é uma das centenas de resenhas mensais que detentos do complexo prisional de Joinville fazem a partir do projeto de remição pela leitura. Quando a transcrevi (é feita manualmente) corrigi alguns erros gramaticais, lembrando que a ortografia neste caso não é o centro da questão. Esse detento leitor, e tantos outros, mais do que quatro dias de abatimento de pena por livro lido, aprendeu sobre a vida e, estou certo, cresceu como ser humano, resignificou-se e libertou-se.”
Para quem tiver curiosidade sobre a história, segue o audiobook: