Texto de Gabi Barbosa publicado originalmente em Resiliência Mag
Natal e fim de ano estão aí e com eles, festas sem fim e muito padrão. Já passei algumas dessas datas sozinha e sobrevivi pra contar história. E óh, não é ruim, não moça.
Cresci ouvindo dos meus pais: “antes só que mal acompanhada”. E prezo muito por isso. Inclusive, nem me demoro onde não me sinto bem. E não sou de seguir padrão que não me faça bem também. Você devia fazer o mesmo.
Se pergunte:
– Pra quê me enfiar em uma casa de pessoas que só me aturam no natal e fim do ano por ser o padrão?!
– Pra quê me juntar com a família de amigos no natal e fim do ano?!
– Pra quê me reunir com pessoas no natal e fim do ano, se passo o ano sozinha?!
O padrão diz que é assim. Mas me diz:
Que mal há em estar sozinha em casa num domingo como outro qualquer? Nenhum! Natal e fim de ano é a mesma coisa. A diferença é que os domingos do ano todo, não são floreados com propagandas.
O trenzinho iluminado de verde e vermelho. As árvores de natal dos shoppings. As propagandas de natal e fim de ano. Até os filmes que passam no dia do natal da televisão. Tudo remete a estar com pessoas.
Mas eu vim te libertar desse padrão: tudo bem em passar natal e fim do ano sozinha. E falo sozinha de gente e de namorado/parceiro/noivo/marido. Você pode sobreviver a essas datas sozinha. Eu sobrevivi.
Tudo isso é resultado de um padrão estabelecido. Não sei se você já chegou a esse ponto de descoberta, mas aí vão afirmações que são resultados de pesquisas de historiadores: Jesus não era esse branquelo do olho verde e cabelos lisos. Jesus não nasceu em dezembro. Natal é uma data muito, mas muito comercial.
Desculpe se te choquei. Quando eu era criança, amava fazer rabanadas com minha avó nesse dia. Tínhamos uma enorme árvore de natal. Os presentes eram abertos na hora que algum adulto dizia “o Papai Noel passou aqui!” e em baixo da árvore tinha muitos presentes.
Amava, confesso. Mas quando a gente cresce, percebe que tudo isso faz parte da mesma página onde estão bem guardados a fada do dente, o coelhinho da páscoa, príncipes, princesas e tudo o que faz parte desse universo lindo que é o infantil.
Nos tornamos adultos com essa carga de obrigação que é passar natal e fim de ano novo acompanhadas. Não precisa, moça!
Não há nenhuma lei que diga que você tem que estar acompanhada nessas datas. Aliás, por causa de tanta propaganda de famílias felizes, reunidas e gente feliz por aí, que muitos tiram a própria vida. No Brasil, infelizmente, é no fim do ano que ocorre o maior número de suicídios. Tudo por causa desse padrão de alegria a todo custo.
Temos mais de 6 milhões de desempregados no País. Muitas empresas faliram. Vários profissionais se tornaram autônomos. Tem famílias morando com os pais ou sogros por não conseguirem pagar aluguel. Tem gente com a faculdade trancada por não conseguir pagar. Tem famílias na rua por não ter pra onde ir.
E as propagandas na tevê, seguem mostrando o natal e fim de ano das pessoas com famílias-perfeitas-e-felizes. Não é bem assim a nossa realidade. Mas o marketing e a publicidade vivem o mundo colorido da felicidade a todo custo. Estão certos, pois o objetivo deles, é aquecer o mercado.
Há muitas pessoas que moram sozinhas. Muita gente sem família. Galera que não é representada nesses comerciais. E tudo bem por isso! Tudo bem em ser sozinha, sem família e querer estar só também nessa época.
Nunca se esqueça: 99,99% desses comerciais têm apenas um objetivo: o de impulsionar o consumismo. Essa época do ano é a melhor pra vender. O pessoal com décimo terceiro em mãos, gasta tudo e até se endivida.
Não se permita ser influenciada pelas campanhas publicitárias nessa época do ano. Muito menos ficar na bad por estar só. Você não é menos que ninguém por estar sozinha nesse natal e fim de ano.
Pelo contrário: é uma sortuda! Vai passar na melhor companhia possível: a sua! Ninguém vai te magoar. Não terá que fazer cara de paisagem pra ninguém. Pode ficar de pijama o dia todo.
Você está sozinha! Melhor que muita gente aí!
Natal e fim de ano/virada do ano, são só mais duas datas cheias de padrões e regrinhas da sociedade. Você pode passar por elas, como passa a maioria dos seus domingos.
E está tudo bem, certo?!
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