A alegria não é um estado constante – bolas de sabão. Ela acontece subitamente. Guimarães Rosa disse que a alegria só em raros momentos de distração. Não se sabe o que fazer para produzi-la. Mas basta que ela brilhe de vez em quando para que o mundo fique leve e luminoso. Quando se tem alegria, a gente diz:
“Por esse momento de alegria, valeu a pena o universo ter sido criado”. (Na crônica: “Fome de alegria”)
As asas da alma se chamam coragem. Coragem não é a ausência de medo. É lançar-se, a despeito do medo.
(Do livro Concerto para Corpo e Alma)
Muitas vezes, confundimos amor com dependência. Sentimos erroneamente que se nossos filhos voarem livres não nos amarão mais. Criamos situações desnecessárias para mostrar o quanto somos imprescindíveis. Fazemos questão de apontar alguma situação que demande um conselho ou uma orientação nossa, porque no fundo o que precisamos é sentir que ainda somos amados.Muitas vezes confundimos amor com segurança. Por excesso de zelo ou proteção cortamos as asas de nossos filhos. Impedimos que eles busquem respostas próprias e vivam seus sonhos em vez dos nossos. (Na crônica: “Quando os filhos voam”
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Palavras que ensinam são gaiolas para pássaros engaioláveis. Os saberes, todos eles, são pássaros engaiolados. Mas a solidariedade é um pássaro que não pode ser engaiolado. Ela não pode ser dita. A solidariedade pertence a uma classe de pássaros que só existem em voo. Engaiolados, esses pássaros morrem. (Na crônica: “Assim que acontece a bondade)
5Eu acho que que cada um tem o seu céu diferente. O que a gente quer no céu é recuperar a felicidade efêmera que a gente teve em algum momento. Portanto, cada pessoa tem uma felicidade diferente.
6Você diz que é infeliz porque tem medo do futuro. Eu também tenho. A Adélia Prado tem um verso que diz que o Paraíso vai igualzinho a esta vida, tudo do mesmo jeito, com uma única diferença: a gente não vai mais ter medo. Imagine que o presente é uma maçã madura, vermelha, perfumada, deliciosa. Você se prepara para comê-la, mas, de repente, percebe que dentro dela há um verme. O nome dele é medo. De onde ele vem? Do futuro. Estranho isso: o futuro ainda não aconteceu. Ele não existe. Como é que um medo pode nascer do que não existe? Não existe do lado de fora. Existe do lado de dentro. Dentro da imaginação o futuro existe. O verme nasce da alma. Para a alma, aquilo que é imaginado existe. (Na crônica: “A difícil arte de ser feliz”)
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