A descoberta do Buda – Amoroso e destemido
Sutra: Seja silencioso, e amoroso e destemido.
Texto trazido do site Despertando
Osho: Buda diz três coisas: Seja silencioso – aprenda a ser cada vez mais e mais silencioso – e amoroso, porque, se o seu silêncio não for amoroso, ele o tornará insensível. Então, seu silêncio será o de cemitério – inerte, morto. Ele não será um silêncio que celebra, ele não será um silêncio que pode cantar e dançar – ele não será um silêncio que pode florescer em milhares de flores. Por isso, Buda diz em seguida: ele deve ser amoroso.
E o amor só é possível se você for destemido: se você tem medo, você não pode ser amoroso. O homem que tem medo de qualquer coisa – da morte, da polícia, do juiz, do governo… – o homem que tem medo de qualquer coisa não pode amar.
E todo medo é basicamente inspirado pela morte. O medo da polícia também é o mesmo, porque ela pode matar, ela pode atirar em você. O medo do governo não é nada mais que o medo da violência – o governo pode matar mais impiedosamente do que qualquer outra coisa. Por que esse medo do juiz e da lei? – porque o juiz tem o poder de enviá-lo para a prisão ou pode decretar prisão perpétua. Você tem medo. Mas lá no fundo, todo medo é da morte… e a morte é um mito. Ela jamais aconteceu, ela jamais acontece, ela jamais vai acontecer.
O meditador fica sabendo da falsidade da morte e, nesse exato momento, todo medo desaparece – ele se torna destemido. Quando é destemido, você não é nem covarde nem corajoso, porque ambos estão enraizados no medo. O covarde sucumbiu ao medo e o corajoso está tentando vencer o medo, mas ambos estão preocupados com o medo. E o destemido simplesmente abandonou a coisa toda. Ele nem é corajoso nem é covarde. Ele sabe que não existe morte nenhuma, que não existe nada que temer e que não existe nada que exija coragem.
Essa é uma dimensão diferente, uma transcendência da dualidade covardia e coragem.
Seja destemido, seja amoroso, seja silencioso e você será sábio. Essa é a definição de sabedoria de Buda.
Despertando: Todo processo de despertar se inicia no silêncio. E o silêncio de Buda vai muito além do não falar, quando Buda diz que você deve ser tornar silencioso, ele quer dizer que você não deve fechar somente a boca, mas também aquietar sua mente e suas emoções – ele quer dizer que você precisa se tornar o observador.
E foi exatamente quando você se tornou o observador pela primeira vez que seu despertar se iniciou. Muitas pessoas começam suas jornadas após passarem por alguma situação traumática, que produz um grande impacto em suas vidas. E isso não quer dizer que você precise sofrer para despertar, quer dizer que muitas pessoas tem a necessidade de passar por experiências mais “fortes” até que percebam que algo não está legal em suas vidas, que seu próprio conceito de vida precisa ser revisitado.
Então independentemente de como você deu início ao seu processo de despertar, pela dor ou pelo amor, naquele momento que você teve o “estalo”, você se tornou o observador. Por mais que tenha sido por uma fração de segundos, você conseguiu ficar em silêncio.
E quanto mais silencioso você se torna, mais clareza você tem. E é a partir dessa clareza que as grandes transformações acontecem. Literalmente do dia para a noite, você se torna uma outra pessoa, seus pensamentos mudam, seus sentimentos mudam, seus interesses mudam, sua alimentação muda… nada mais passa a ser visto como antes – uma grande transformação aconteceu.
E quanto mais clareza você tiver, quanto mais você conseguir observar, mais evidente a matrix vai ficando. E quanto mais você enxergar o jogo, quanto mais você percebe os programas mentais que foram instalados em seu sistema, maior é o desejo de compartilhar essa nova realidade com sua família, com seus amigos, com as pessoas que estão ao seu redor.
Acontece que o despertar é um processo individual, está diretamente relacionado ao livre arbítrio. Ninguém pode fazer outra pessoa despertar, somente ela própria pode querer enxergar além do véu. Então o que acaba acontecendo muitas vezes é a frustração, por mais que você se esforce, que use seus melhores argumentos, o outro ainda não está preparado para a mudança.
E é por isso que você precisa ser amoroso. A transformação só será completa quando você andar de mãos dadas com a compaixão e, consequentemente, com o perdão. E se tornar amoroso não é somente se colocar à disposição de todos se tornando um portal para uma nova forma de pensar, se tornar amoroso, é compreender e aceitar o tempo de cada um. É compreender, aceitar e agradecer até os julgamentos que são feitos a partir da mais pura ignorância – é colocar em prática o amor incondicional.
Se você despertou, se expandiu sua consciência, é porque você permitiu o amor entrar, é porque você se tornou mais amoroso. Então, se você quer ver alguém despertar, você também terá que oferecer amor para ela. E oferecer amor, muitas vezes, é simplesmente ficar em silêncio, é compreender que o outro precisa passar por suas próprias experiências; é fato que o seu relato pode disparar um insight que elimine a necessidade do “ver para crer”, mas existem infinitas possibilidades e devemos encarar todas com naturalidade.
E lembre-se sempre: se você realmente ama alguém, então emane para ela somente sentimentos positivos, de alta vibração.
Acontece que para emanar sentimentos positivos, você precisa estar vibrando sentimentos positivos e, muitas vezes, para você estar bem, estar feliz, você precisa se afastar das pessoas que você gosta, que sempre estiveram próximas a você.
Todos precisam compreender que esse é um fato comum no processo de despertar, não tem nada a ver com deixar de amar. Quando você desperta, sua frequência dá um salto que é representado pelas mudanças de interesses, de sentimentos, de pensamentos, de alimentação, da forma de ver e viver a vida. E como o processo de despertar é individual, em muitos casos o outro, que ainda não despertou, não compreende suas mudanças. Na verdade, elas geram medo e, esse medo, é canalizado através da incompreensão.
Dentro desse cenário é natural que um afastamento venha a ocorrer, a diferença vibracional irá se encarregam da separação. Na verdade, ou você sustenta sua frequência e os outros, ao serem contagiados, começam a ceder e também iniciam seus processos, ou você sustenta a sua verdade e os outros, magneticamente, se afastarão de você, ou você abaixa sua frequência para atender os desejos do ego de quem está próximo e ainda não despertou, ou você faz as movimentações necessárias para encontrar a distância perfeita que te possibilite manter sua vibração alta, podendo dessa maneira auxiliar no processo dos demais.
O que eu quero dizer é que não adianta você se manter perto das pessoas que “ama” se você não estiver feliz. Se você se mantém perto somente para agradar, somente para satisfazer as exigências do ego das pessoas que gosta, é fato que você será infeliz e, ao ser infeliz, ao emanar frequências de baixa vibração, estará contagiando todos ao seu redor com essa energia, você estará presenteando todos com seu sofrimento.
E é fato que nesse momento seu ego irá jogar sujo, ele irá sugestionar o abandono, a ingratidão, o famoso virar as costas. E isso ocorre pois ele está com tanto medo quanto seus entes queridos, ele morre de medo de ver você crescendo, evoluindo, na “cabeça” do ego, você se tornar amoroso, você se fundir no Todo, será o fim dele.
Então se você se decidir se tornar amoroso, automaticamente, você terá que se tornar destemido.
Nós vivemos em uma sociedade totalmente contra a amorosidade. O natural é ver as pessoas com ódio, com desejo de vingança, com inveja, com ciúme, com medo… tudo menos sendo amorosas. E se você realmente ser tornar amoroso, então sua vida estará em risco. Veja o que fizeram com Akhenaton, com Sócrates, com Jesus, com Gandhi, com Osho. Muitos daqueles que ousaram ser amorosos, tiveram suas encarnações interrompidas.
Então o primeiro medo, e raiz de todos os demais, que você terá que se livrar é o medo da morte. E a morte pode ser facilmente compreendida se você estudar mecânica quântica, se você compreender as dimensões da realidade. Mas a morte só será transcendida quando você realmente sentir o amor, quando você passar por essa experiência. E quando isso acontece a morte desaparece, pois você passa a enxergar somente vida. Você morre, desencarna, e a vida continua; você nasce, vem para mais uma encarnação, e a vida continua… trata-se de um círculo que irá se repetir até que você se recorde quem realmente é, até que compreenda o propósito da terceira dimensão.
Outro medo que baterá na sua porta é o da não aceitação. A menos que você esteja em uma família de despertos, você passará a ser visto como uma espécie de ovelha negra da família. E é nesse momento que você precisa exercitar os sentimentos de alta vibração e, dentre eles, a empatia é que abre o caminho para a compaixão.
Faça o seguinte exercício: se recorde de como você pensava antes de despertar, quando você ainda estava completamente imerso no sonho da matéria. Não adianta você querer que seus familiares e amigos te julguem com um olhar Nova Era se, dentro da cabeça deles, ainda está rodando o velho, o passado. Então lembre-se que antes de despertar você também estava cego, também não compreendia que o amor é o único caminho, logo, tenha compaixão com aqueles que ainda estão no sono profundo, é uma questão de tempo para que eles acordem e, o Todo, trabalha com a eternidade.
E ao mesmo tempo que você pratica a compaixão, você deve também praticar a presença, se manter em sua verdade. E ter atitudes somente para agradar o outro é medo da não aceitação, se manter perto se isso está lhe fazendo mal, é medo da não aceitação. Qualquer atitude que não esteja alinhada com a sua verdade que você tiver pelo outro, é medo da não aceitação.
Então você tem uma escolha a fazer: ser aceito e viver uma realidade que já percebeu que está falida, que só lhe trará sofrimento e, por mais que aparentemente deixe seus familiares felizes, não trará o verdadeiro crescimento que todos necessitam, ou se manter em sua verdade, trilhando a passos firmes o caminho do amor e, dessa forma, se tornar um agente catalisador do despertar do outro através da sua alta vibração, através da sua luz.
Nesse sutra Gautama dá a receita de bolo para a autorrealização: “Seja silencioso, e amoroso e destemido”.
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