Por André J. Gomes
Ahh… como é fácil jogar a culpa no dinheiro, né? “Maldito vil metal!”, repetem aqui e ali. Segundo essa lógica infantiloide, superficial e fantasiosa, a vida só vai entrar nos eixos quando todo o dinheiro desaparecer do mundo.
A corrupção na política? “Só existe por conta das grandes cifras dando sopa!”
O casal que se divorcia e começa a brigar de verdade na hora de dividir os bens? “É porque são ricos. Fossem pobres, separavam e pronto!”
Os velhos amigos que rompem uma parceria comercial? “É porque começou a entrar dinheiro. Maldito dinheiro!”
Quanta balela! Será mesmo assim? Será verdade que o dinheiro nos transforma sempre para o mal? É certo que todos somos corruptos essenciais e só nos falta uma oportunidade para enriquecer de forma ilícita? Será mesmo que uma herança é capaz de separar irmãos? Terá a primeira mala de dólares em nossa frente o poder de nos tornar meros monstros egoístas?
Ou será que tudo já estava ali, predisposto, esperando sua chance de acontecer e o dinheiro era só o motivo que faltava?
Sei não. Mas eu tenho pra mim que ninguém vira um canalha porque ganhou uma bolada. Não é verdade que o fulano se perdeu na vida porque ficou rico, que sicrana se tornou pessoa má depois de casar com um milionário e que beltrano maltrata os empregados porque é cheio da grana. Fulano, sicrana e beltrano serão ruins com ou sem uma fortuna no banco.
O que passa é que com dinheiro fica mais fácil ser e mostrar o que a gente de fato é: patife ou benfeitor. Como também, dependendo do caso, com dinheiro fica mais fácil esconder, mascarar, dissimular e essas coisas que uma hora sempre aparecem.
Dinheiro e gente imbecil fazem uma combinação perigosa. Se o sujeito é sórdido, descarado, perverso, ter recursos financeiros só o torna mais calhorda ainda. Porque dinheiro é um negócio muito simples: piora quem já é ruim e melhora quem é bom.
Cheio da grana, quem é mau fica péssimo e quem é bom fica ótimo!
Dinheiro no bolso sem vergonha na cara é a pior pobreza que existe. Quem tem saldo bancário mas não conhece outros valores não vale nada. É tão simples!
Por outro lado, riqueza nas mãos de gente boa é o melhor negócio do mundo. Ajuda a concretizar grandes ideias, realiza projetos, multiplica recursos, divide com quem precisa! Dinheiro e gente decente é uma mistura poderosa. Uma das únicas capazes de transformar esse mundo tão tomado de seres mesquinhos concentrando renda.
Não, o dinheiro não corrompe ninguém. Quem se deixa estragar por ele já estava perdido. E quem tem bom coração só melhora quando enriquece.
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