Este filme de 14 minutos tem ganhado destaque entre crianças, principalmente depois de ter sido selecionado pelo programa Curta Criança, do Ministério da Cultura em parceria com a TV Brasil. Mas existem duas coisas ainda maiores por trás desta bela produção nacional.
A primeira delas é que o curta foi livremente inspirado nos poemas de Manoel de Barros, um dos poetas mais aclamados da poesia contemporânea nacional. Tal inspiração, aliada à escolha do programa Curta Criança, permite que vários jovens tenham acesso à nossa história cultural, ainda pouco difundida nos colégios e vida dos pequeninos.
Além disso, representa uma interpretação visual de diversos poemas do autor, o que facilita o entendimento das crianças e abre espaço para uma memória cada vez mais criativa ao mesmo tempo em que instiga novas visões sobre as histórias apresentadas.
Outro ponto que merece destaque é o nosso orgulho em ver uma obra que resgata justamente as belezas da nossa cultura, mais especificamente ao mostrar o fantasioso e educativo mundo das histórias contadas pelos nossos avós, o principal mote de A Língua Das Coisas.
O mundo moderno tem feito com que todos nós nos afastemos de outras pessoas, e com famílias, não é diferente. As crianças estão cada vez mais focadas em tecnologias e perdem tempos preciosos de aprendizado com os mais velhos.
O resgate deste conhecimento passado de geração para geração é um dos momentos mais lindos do curta e funcionam em dois caminhos: relembra, com saudosismo, a memória dos mais velhos; e apresenta aos mais novos uma nova maneira de descobrir o mundo, pelas histórias contadas principalmente pelos nossos avós.
Lucas é uma criança que vive em um sítio e cresce ouvindo os contos de seu avô, homem que o criou e que sempre tenta fazer com que ele aprenda alguma coisa. O velhinho se orgulha de “saber” a língua do rio, dos bichos e das plantas; e de pescar palavras no rio, uma por uma.
O menino está cansado desta rotina da roça e acaba indo para a cidade aprender a “língua de gente”, e conviver com o que sua mãe chama de vida. Na escola, ele não consegue se adequar à nova rotina e nem aprender a escrever as palavras mais urbanas. Lucas então cria sua própria língua, meio fantasiosa, o que faz com que todos achem que ele tem um parafuso a menos na cabeça.
Um dia, a mãe de Lucas recebe a notícia de que o avô do menino faleceu e o jovem finalmente volta ao sítio onde foi criado. Desesperado por ter perdido o avô, o menino corre até o rio, cenário de diversos aprendizados, em busca de conforto ao seu coração. Sem se dar conta, dezenas de palavras são trazidas até ele pela correnteza, mostrando que as histórias contadas pelo seu avô continuam vivas em sua memória.
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