Texto de Juliana Garcia publicado originalmente em Inspiring
Cuida um pouquinho de mim, mesmo que eu pareça não precisar. Eu tenho esse jeito de quem dá conta de tudo. E dou conta de muita coisa mesmo. Só que não é de tudo, não. E muita coisa eu até posso dar conta, mas careço de algum gesto de carinho na alma. Porque tenho sido muito dura comigo, e o teu cuidado ajuda-me a amolecer um pouco quando eu mais preciso.
Diz-me que o meu cabelo está bonito, enrosca os teus dedos entre os fios e podes demorar-te à vontade, deixa eu saber que tu gostas de me dar carinho, porque gostas da textura que eu tenho, do meu cheiro e da temperatura de nós dois juntos.
Pergunta como foi o meu dia e se eu não disser muito, pergunta algo mais e continua com os olhos em mim, com aquele silêncio cheio de presença.
Diz que viste algo que te fez lembrar de mim. Alguém que deu uma risada solta, uma folha leve a cair de uma árvore, uma música que tocou no rádio.
Traz aquele chocolate que eu amo, observa-me a fazer festa enquanto tu sorris e me dizes que só o trouxeste porque adoras ver-me assim.
Diz que vai ficar tudo bem, se eu acordar a chorar por um pesadelo que eu não sei explicar.
Podes ligar-me a meio do dia para me contares alguma história à toa ou só para ouvires a minha voz e deixares eu ouvir a tua.
Presta atenção no que eu digo e no que eu não digo, e conta-me de vez em quando que tu estás sempre aqui, ao meu lado, para me apoiar.
Quando eu estiver irritada, podes dizer-me que preciso respirar, que o jeito com que eu estou a levar as coisas não é o mais correto, traz-me para a realidade, porque às vezes eu viajo mesmo.
Dá um sorrisão para mim, dá a mão, dá o teu ombro, dá abrigo, dá o teu beijo, dá um cheiro e um abraço, dá silêncio e dá as tuas histórias.
Porque mesmo que não pareça, há momentos em que tudo o que eu preciso é só de um gesto teu que me mostre que tu me vês, que estás comigo nessa e que eu posso ser quem eu sou. Porque, de verdade, há momentos em que eu me esqueço de oferecer isso para mim. Podes dar-me esse lembrete, levantar-me o queixo, suavemente, olhar-me nos olhos e relembrar-me o gosto bom do amor que vem de mansinho e nos aquece por dentro.