Cafuné, a cumplicidade em um carinho feito com a alma

Dizem que cafuné é uma das palavras mais bonitas que existem e que mais bonita ainda é a ação que a palavra simboliza: acariciar os cabelos com amor. Esta palavra só existe na língua portuguesa e não tem uma origem determinada.

Alguns dizem que “cafuné” vem do quimbundo, língua africana, e que inicialmente a palavra kafu’nu não teria um significado tão emocional, sendo apenas “tomar a cabeça de alguém e torcê-la”. Com o tempo a palavra ganhou o significado mais carinhoso de acariciar com os dedos os cabelos de alguém de modo amoroso.

Assim, através de derivações, a palavra tomou essa conotação de que falamos, a de acariciar com a alma, dando lugar a um significado mais emocional.

Um cafuné é algo mais que um carinho unido a um momento bonito, isso porque designa uma cumplicidade, um encontro emocional, algo que vai mais além de um mero contato carinhoso. Agora, ainda que para alguns de nós fazer um cafuné seja acariciar com a alma, para outros pode ser algo mais ou menos intenso.

Carinhos com a alma nos preenchem de emoções

Podemos ser seduzidos através de palavras e de carícias que envolvem contatos de pele com pele, no sentido tradicional, de nascimento de um sentimento e de reações emocionais que temos. Quando falamos de sentimentos há muito que se falar e todos têm uma opinião, mas no fim cada um tem que pensar, sentir e validar suas próprias opiniões.

Somos seres emocionais que pensam através da linguagem e das emoções, por isso sabemos que fazer os outros sentirem nosso afeto é um dos melhores presentes que temos para dar.

Sentir um carinho da alma é sentir a união de nossas emoções. Os problemas desaparecem por segundos, a angústia se deixa envolver pelo amor, e por alguns momentos vinculamos toda nossa constelação de energias a outra pessoa.

Um cafuné proporciona uma paz deslumbrante, pois não há nada que nos faça sentir melhor do que saber que somos queridos, valorizados e apoiados.

O baile químico de nossas emoções

O que chamamos metaforicamente de união de almas se converte em um baile químico a nível cerebral. Nossas emoções se combinam sutilmente em forma de dopamina, serotonina, oxitocina e noradrenalina, hormônios do nosso corpo.

Com os carinhos por meio dos quais nos vinculamos, criamos um sem fim de ligações afetivas que potencializam nosso bem-estar e nos ajudam a ter controle sobre nós, colocando à nossa disposição um leme e uma âncora que sem dúvida poderão nos sustentar em nossa vida.

Porque no fim, dar e receber um cafuné depende em grande parte de nosso desenvolvimento sócioemocional. Convém, por tanto, ancorar-se nessas experiências, melhorar nossa consciência para dar e receber amor.

O encontro mais íntimo entre duas pessoas não é o sexual, é a abertura emocional

O encontro mais íntimo entre duas pessoas não é o sexual, é a abertura emocional. Essa troca só pode ser produzida quando vencemos o medo e temos sucesso em nos abrir verdadeiramente e conhecer o outro como somos, vendo a pessoa como ela é, sem máscaras e mentiras.

Podemos seduzir e ser seduzidos através de nossas emoções. Costumamos, no entanto, descuidar dessa faceta e menosprezar nossa capacidade de se conectar e sentir através do autoconhecimento. Porque um cafuné começa com isso, com nossa capacidade de gostarmos de nós mesmos, de utilizar nossas emoções para seguir crescendo, aprendendo, evoluindo com nossas experiências para nos abrimos para os outros e permitirmos esse encontro emocional.

Definitivamente, um cafuné pode levar embora nossos medos, nossas inseguranças e nos abrir emocionalmente. É romper medos e entregar calor e proximidade através de carinhos. Tudo isso, sem dúvida, merecia ser descrito por uma linda palavra.






Uma revista a todos aqueles que acreditam que a verdadeira paz é plural. Àqueles que desejam Pazes!