“Maestro” inicialmente despertou o interesse de grandes nomes como Martin Scorsese e Steven Spielberg para sua direção, mas acabou por ser entregue a Bradley Cooper após impressionar os produtores com sua atuação em “Nasce Uma Estrela”. Cooper, além de protagonista no papel de Leornard Bernstein, também coescreve o roteiro ao lado de Josh Singer, mostrando seu talento em um filme de drama que se destaca pela excelência.
Sua dedicação à obra foi notável, com relatos de Cooper dando orientações aos operadores de câmera enquanto atuava e ajustando o enquadramento com gestos sutis, demonstrando um engajamento constante em suas múltiplas responsabilidades.
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Interpretar uma figura real como Bernstein demandou cautela e dedicação. Cooper foi sensível ao retratar o personagem de maneira autêntica, evitando caricaturas e dedicando anos de treinamento para reproduzir com precisão a icônica cena em que Bernstein conduz a Orquestra Sinfônica de Londres na Catedral de Ely. O uso de uma prótese de nariz gerou controvérsias, mas após análises meticulosas e aprovação dos descendentes de Bernstein, a equipe optou por realçar características que, mesmo semelhantes, destacavam os contornos distintivos do maestro.
A trama abrange mais de quatro décadas da vida do artista, explorando seu casamento de fachada com a atriz Felicia Montealegre (interpretada por Cary Muligan), sua dinâmica familiar e os relacionamentos marcantes de Bernstein com outros homens. Enquanto visualmente o filme se destaca pela meticulosidade, narrativamente pode seguir uma fórmula já conhecida em cinebiografias.
No cerne da história, emerge um retrato de um mundo dominado pelo machismo, revelando que apesar do sucesso e influência cultural de Bernstein, ele não alcança a mesma grandiosidade em seu âmbito doméstico. A falta de reciprocidade em seu relacionamento com a esposa e filhos evidencia uma lacuna entre sua vida pessoal e profissional, suscitando dúvidas sobre a fidelidade histórica do filme. Contudo, a participação ativa dos descendentes de Bernstein na produção indica um nível razoável de precisão.
“Maestro” apresenta Bernstein como uma figura paradoxal, um artista pop e músico erudito levando uma vida dupla. Seus relacionamentos extraconjugais, conhecidos por sua esposa, deixam-na cada vez mais isolada e à sombra do marido ao longo dos anos. O filme, entretanto, tangencia essa complexidade, simplificando e reduzindo aspectos fundamentais da relação entre Bernstein e sua esposa, além de deixar em segundo plano sua dinâmica com os filhos, que enfrentaram sua ausência e negligência.
O longa não mergulha nas nuances da relação do maestro, mantendo um silêncio consentido sobre discussões e acertos de contas, simplificando uma história rica em detalhes e ambiguidades.
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Fonte: Vogue
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