“Aspiral”: um poema de Mia Couto que nos fala de infinitos

Espiral

No oculto do ventre,
o feto se explica como o Homem:
em si mesmo enrolado
para caber no que ainda vai ser.

Corpo ansiando ser barco,
água sonhando dormir,
colo em si mesmo encontrado.

Na espiral do feto,
o novelo do afeto
ensaia o seu primeiro infinito.

No livro “Tradutor de Chuvas

Mia Couto, pseudônimo de Antônio Emílio Leite couto, é biólogo, escritor e poeta, tendo nascido em Moçambique no ano de 1955.

Filho de Fernando Couto, emigrante português, jornalista e poeta que pertencia aos círculos intelectuais de sua cidade.

Com 14 anos, Mia Couto publicou seus primeiros poemas no jornal Notícias da Beira. Em 1971 deixou sua cidade e foi para a capital Lourenço Marques, hoje Maputo. Ingressou no curso de Medicina, mas depois de três anos abandonou a faculdade. Tendo posteriormente se graduado em Biologia.

Ganhou diversos prêmios por sua obra ficcional, sendo um profícuo escritor na prosa e também em versos.

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