Um caso de extorsão envolvendo trabalho, sentimentos e ameaças abalou a rotina de uma empresa de perfumaria em Santos, litoral paulista. Um ex-funcionário de 23 anos foi preso em flagrante no dia 1º de novembro, acusado de exigir R$ 20 mil do proprietário da empresa, com quem teve um breve envolvimento amoroso.
O motivo seria impedir a divulgação de supostas “informações sigilosas” da empresa. Após ser liberado sob fiança, o ex-empregado continuou com as ameaças, agora direcionadas também a fornecedores e outros funcionários da companhia, expondo detalhes pessoais e acusando o empresário.
O jovem, que atuava como assistente administrativo na perfumaria, havia sido demitido em outubro, com pouco mais de seis meses de contrato. Segundo o empresário, a decisão de demissão veio após diversos problemas de comportamento no ambiente de trabalho, o que irritou o ex-funcionário.
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Inconformado, ele começou a ameaçar o ex-patrão com mensagens e ligações, inclusive durante a madrugada, exigindo uma quantia de R$ 20 mil para “não colocar a boca no trombone”.
As ameaças foram inicialmente ignoradas, mas a situação escalou quando o ex-funcionário passou a enviar mensagens para outros membros da empresa e fornecedores, acusando o empresário de fraudes e outras práticas ilegais.
Para o empresário, a situação parecia mais do que um simples caso de extorsão. Ele acredita que a raiva do ex-funcionário foi alimentada também pelo envolvimento amoroso que tiveram no passado. O empresário explicou que ambos chegaram a sair algumas vezes, mas que não houve um relacionamento sério.
“Dávamos uns beijos de vez em quando, mas nada além disso”, disse ele, contando que, em uma viagem, o jovem sugeriu um compromisso, mas foi dispensado. Ele teria se sentido rejeitado, o que, segundo o empresário, motivou as ameaças.
Apesar de incomodado, o empresário inicialmente tentou resolver a situação de forma discreta. Contudo, a situação piorou quando o jovem enviou e-mails difamatórios a um fornecedor importante da empresa, onde descreveu o empresário como alguém desonesto e “de caráter duvidoso”.
A partir daí, o dono da empresa decidiu registrar um boletim de ocorrência, formalizando a queixa por extorsão e difamação. Para ele, a insistência nas ameaças mostrava que o jovem não estava apenas descontente, mas também disposto a prejudicar a empresa e sua imagem.
Com orientação policial, o empresário combinou um encontro com o ex-funcionário para entregar parte do valor exigido. A ação foi planejada para garantir um flagrante e ocorreu em um shopping de Santos, onde o empresário, acompanhado por policiais disfarçados, entregou um envelope de dinheiro ao jovem.
Durante a entrega, o ex-funcionário ainda debochou do ex-patrão, questionando-o sobre o motivo de ceder às ameaças se não estivesse com medo das consequências. Momentos após receber o dinheiro, o jovem foi preso em flagrante pela equipe policial, que o encontrou com R$ 7,5 mil em espécie.
Ele confessou o crime, mas foi liberado no dia seguinte, após pagamento de fiança equivalente a dois salários-mínimos.
A liberdade do jovem trouxe uma nova onda de problemas para a empresa e para o empresário. Em 3 de novembro, ele criou um grupo no WhatsApp com ex-colegas de trabalho, onde divulgou informações e acusações sobre a empresa e seu dono.
Entre as alegações, ele afirmou que o empresário deixava de repassar salários aos funcionários, o que gerou desconforto entre os empregados e novos comentários entre os fornecedores. O empresário ficou surpreso com a persistência do ex-funcionário e registrou mais um boletim de ocorrência.
Além dos impactos internos, outro fornecedor também relatou ter recebido mensagens do ex-funcionário, onde o jovem fazia alegações sobre a empresa e o proprietário, dizendo que estavam envolvidos em práticas fraudulentas.
Para evitar prejuízos maiores, o empresário decidiu emitir uma nota oficial explicando a situação. A nota foi enviada para todos os funcionários, fornecedores, lojistas e também para as administrações dos shoppings onde as filiais da perfumaria estão localizadas.
Para o empresário, o maior receio atualmente é em relação à própria segurança. Ele compartilhou que, embora não tema que o jovem consiga prejudicar a reputação da empresa, está preocupado com possíveis ações extremas que o ex-funcionário possa vir a tomar. Segundo ele, a situação passou a envolver não apenas o campo profissional, mas também ameaças à sua vida pessoal.
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