“Tinha entrado pelos 16 anos quando pedi para ele [pai] para voltar para cidade. Eu dizia que iria trabalhar nem que fosse de doméstica, mas que não ia ficar no seringal. Agora lá vou me casar com seringueiro, meu futuro não era esse não. Eu queria era continuar a estudar”, contou dona Ivete ao site de notícias G1. Ivete, que conheceu o teatro nos anos 80 através de um amigo, agora é graduada em Artes Cênicas. Um sonho antigo realizado e uma convicção reafirmada: nunca é tarde.
“Comecei com 65 anos, estou com 70 e com espírito de 20 anos e ainda fui convidada pelo reitor para fazer o mestrado”, relatou dona Ivete. O seu desejo de estudar, que sempre esteve presente, foi obstado, contudo, ao longo de anos pelas necessidades concretas do quotidiano, realidade de muitos brasileiros. Trabalhou como auxiliar de enfermagem, faxineira, serviços gerais. O ensino médio ela concluiu nos anos 90, já aos 50 anos.
Depois de anos longe das salas de aulas, foi graças a uma amiga que a universidade se transformou em uma realidade para dona Ivete: “uma amiga minha que formou-se no dia 20 de março em letras me convidou para fazer o Enem. Aí eu falei: ‘rapaz, faz tempo que eu não estudo, não tenho mais condições de estudar’. Ela disse: ‘que nada, a senhora é jovem, tem capacidade de fazer’. Até que eu falei para ela fazer minha matrícula e resolver tudo. Fiz a prova, em janeiro quando deram o resultado, ela soube que eu tinha passado e me ligou contando. Entrei nessa faculdade através dela”, lembrou.
Batalhadora desde sempre, Ivete foi uma das poucas pessoas da sua turma a se formarem. De um total de 45 alunos, apenas 6 pegaram o diploma. Durante os anos de graduação, ela foi, para os colegas, uma inspiração. “Eu tinha ajuda da moçada jovem e também ajudava eles. Ontem eles falaram que estavam muito felizes porque eu era a inspiração deles. Agradeceram muito a Deu e a mim por terem continuado, muitos viviam nas drogas e pararam ou deram um tempo até se formar. Eu chorei de felicidade”, contou emocionada.
Com informações de G1.
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