Daniele Valle, moradora de Soure, na ilha de Marajó, está enfrentando uma gravidez de risco e não conseguiu ir à cerimônia de outorga de grau, em que se diplomaria pedagoga. A cerimônia tinha para Daniele uma importância especial: ela seria juramentista da turma. Para a Doutora Sônia Amaral, que representava o reitor da UFPA no evento, a ausência de Daniele não foi um problema irremediável: Sônia foi à casa de Daniele e lá realizaram uma cerimônia particular.
“Agradeci muito a sensibilidade e o olhar diferenciado para minha situação. Só vou ter o neném em maio, sabe lá quando eu ia poder ir na universidade buscar o meu diploma. Isso não é nem profissionalismo, é um gesto de humanidade, coisa que a gente não vê hoje em dia”, disse, segundo o site de notícias G1, a formanda, que fez o curso por meio do Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor), ofertado em sua cidade.
Nesses casos específicos, segundo a professora Sônia, é permitido que a outorga seja feita fora da universidade. “Esse é o diferencial do Parfor: olhar para a subjetividade, a peculiaridade, chegar a lugares onde o ensino superior não chegaria… Tem cada lugar de onde as pessoas vêm para estudar que a gente não imagina. Mostrar que o trabalho não olha só a estatística, mas também a formação do ser humano”, afirmou a docente.
“Ela estava fazendo as unhas quando se sentiu mal, ligou chorando avisando que não poderia mais ir. Quando a cerimônia acabou, nós pegamos a documentação e fomos até a casa dela, que fica perto da praia. Ela vestiu a beca, fez o juramento, eu fiz a leitura do texto conforme manda o ritual, ela recebeu o anel do seu esposo e assinou a ata”, relatou ainda a professora.
Daniele, que é mãe de dois meninos, corre o risco de perder seu terceiro bebê em razão da oscilação de sua pressão. Não fosse pelo gesto da professora Sônia, provavelmente só conseguiria ter acesso ao seu diploma ao final da gravidez.
Foto: Nancy Fernandes/ Parfor UFPA