Texto de Marcel Camargo
Algumas vezes, a gente se afasta de alguém com a convicção de que aquilo foi o melhor a se fazer; outras vezes, não. Podem restar algumas dúvidas quanto à possibilidade de que aquela pessoa talvez viesse a mudar seus comportamentos, talvez pudesse nos enxergar direito, talvez nos amasse de fato. A gente acaba perdendo as contas do quanto já perdoou, já esperou, já se decepcionou, e pode achar que está sendo radical demais.
Será normal, portanto, seguirmos em frente carregando algumas dúvidas quanto ao que deixamos para trás, uma vez que não poderemos ter certeza total sobre quase nada. Sempre surgirão alguns questionamentos, ao longo de nossa vida, em relação às escolhas que fizemos para chegarmos onde estivermos. Quando escolhemos, deixamos de lado outras oportunidades, porque optar, ao mesmo tempo, requer renunciar e essas renúncias poderão acompanhar nossos sentimentos, enquanto não as resolvermos em definitivo.
E não é que a vida, às vezes, coloca-nos diante de certas pessoas que tínhamos deixado lá no passado? E, então, poderemos resolver de vez alguma situação que tenha ficado entravada nesse nosso percurso. Ali, no entanto, nem nós seremos mais os mesmos, nem o outro será mais aquela pessoa do nosso passado. Cada um viveu as próprias histórias, separadamente, e lidou com a vida à sua própria maneira. Cada um, provavelmente, já construiu uma vida em que o outro já nem cabe mais.
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Sim, existem histórias que foram mal acabadas, que se encontram pendentes e cujo final ainda não chegou, porém, quando se trata de afetividade, a gente não erra muito. Na maioria das vezes, quando tomamos a atitude de romper com o parceiro, é porque já se esgotaram todas as forças, todas as possibilidades de aquilo dar certo. A gente não desiste do outro de uma hora para outra, a gente desiste quando a dor é maior do que a ilusão.
Caso os corações de ambos estejam disponíveis, aproximar-se pode ser uma opção viável, para que se experimente o reencontro a partir de novas perspectivas, com o olhar amadurecido e com os sentimentos ordenados. Infelizmente, caso não se tenha aprendido com os erros e com as lições diárias da vida, apenas haverá mais do mesmo: mais decepção, mais vazio, mais discussões inúteis, mais desilusão. Tem gente que não muda nunca, pois jamais aceitará enxergar-se como alguém que precisa mudar, por mais que bata a cara contra o muro, por mais que perca, que sofra, que não se encontre e não encontre morada.
Porém, mesmo que não dê certo de novo, é preciso ser grato ao reencontro, pois será possível, ao enfrentar a desilusão mais uma vez, comprovar que a atitude de romper, no passado, foi a mais certa. E é uma delícia, como disse Felipe Rocha, comprovarmos que tomamos a atitude correta lá atrás. O tempo costuma trazer esse presente para a gente e a gratidão nos torna ainda mais confiantes de que merecemos, sim, a felicidade.