Por que uma pessoa decide tornar-se um juiz? Por que escolher como profissão algo que tem em seu centro o ato de julgar condutas e ações? O que leva alguém a optar por uma atividade que implica em reconhecer ou não direitos às pessoas, nos mais variados campos, de um impasse contratual a uma disputa pela guarda de um filho, de um conflito locatício a uma reintegração de posse envolvendo centenas de pessoas? O que leva alguém a escolher trabalhar para e pela Justiça?
A atenção à magistratura começa já nos bancos da faculdade. O estudante de direito tem a possibilidade de escolher, entre um leque de opções, a carreira jurídica com a qual melhor se identifica. São todas importantes, com significativas chances de realizações. Quando o acadêmico conclui que a carreira na magistratura é uma boa opção, passa a idealiza-la. Ele a vê como algo edificante. Após se graduar e começar a atuar em práticas jurídicas, estuda mais alguns anos.
Abdica do descanso e lazer. Por fim, um dia ele consegue a aprovação no concurso. E, uma vez juiz, se tinha alguma dúvida sobre a imagem que formara da magistratura, suas expectativas são logo correspondidas. Ela é edificante. Porém não é só. O jovem juiz aprende que o cotidiano não é tão glamouroso quanto imaginava e que julgar não é fácil. Ele percebe rapidamente que no peso da sua caneta muitas vezes está o peso do mundo. Que em suas mãos estão vidas e destinos de pessoas das mais variadas idades, origens, profissões, cada uma com suas próprias angústias e dissabores.
Entretanto, novamente não é só. O desafio vai além. Ao longo dos últimos anos o Poder Judiciário passou a ser chamado cada vez mais a atuar em áreas cruciais da vida das pessoas e da sociedade. Isso porque o Estado Social está em falta nas frentes que lhe são reservadas e obrigadas por imperativo constitucional, como na educação, saúde e segurança. Assim, para além de aplicador da lei, diante dos graves conflitos que lhe cabe resolver, o juiz é considerado primordialmente garantidor da Constituição. E face aos reflexos extensos e graves de suas decisões a ponderação e a coragem tornam-se o sangue que corre em suas veias abertas. Afinal, não importam as tormentas que se tenham que enfrentar, como em Berlim, ainda há juízes no Brasil.
Joao Marcos Buch – Juiz de Direito da Vara de Execuções Penais e Corregedor do Sistema Prisional da Comarca de Joinville/SC
Recomendação da Revista Pazes:
O autor deste texto publicou diversos livros de cunho altamente humanista. Clique na imagem abaixo para conhecer esses livros.
Neste domingo (15), um momento histórico promete emocionar os fãs de Silvio Santos. Globo e…
Você já parou para pensar em como o ciúme pode se manifestar de maneiras diferentes…
Certos filmes conseguem capturar a intensidade de eventos históricos de forma tão visceral que é…
Poucos atores conseguem combinar intensidade e carisma como Denzel Washington, e O Gângster é um…
Uma tradição que vai além da religião O Natal une tradições religiosas, festas em família…
Se está planejando uma viagem para conhecer as paisagens da Itália, este artigo é para…