
Muitos espectadores têm se surpreendido com a série em quatro episódios chamada Adolescência.
Ao contrário de outras produções que retratam essa fase da vida de forma suave, este sucesso da Netflix traz situações chocantes, especialmente quando mostra o peso das redes sociais na rotina dos jovens. É um drama que incomoda e deixa marcas profundas em quem assiste.
Logo de início, há uma cena impactante: policiais invadem a casa de uma família comum para prender um garoto de 13 anos, Jamie (Owen Cooper), acusado de um crime terrível. Esse acontecimento inicial já indica que a história não vai oferecer respostas fáceis.
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Ao longo do interrogatório, acompanhado pelo pai do menino, cada diálogo eleva a tensão e faz o público refletir sobre o que pode ter levado um adolescente aparentemente comum a protagonizar tamanha tragédia.
Nos episódios seguintes, vemos as consequências desse crime afetando não só o colégio onde Jamie estuda, mas também os profissionais que investigam o caso e a psicóloga responsável por avaliar o comportamento do garoto.
A narrativa é realçada pelo uso do plano sequência: cada capítulo é filmado sem cortes, o que aumenta a sensação de proximidade e vulnerabilidade. O diretor explora a mudança de foco de forma inteligente, permitindo que todos os envolvidos – família, policiais, professores – sejam analisados de perto.
Esse formato ainda reforça as lacunas que a própria série não se preocupa em preencher. Há informações que ficam em aberto, gerando dúvidas que se transformam em perturbação para quem assiste.
É possível culpar os pais, que não tinham ideia do tipo de conteúdo tóxico que Jamie consumia na internet? Ou seria responsabilidade das redes sociais, onde grupos chamados de “incel” disseminam ódio e ressentimento? A cada cena, surge uma nova questão sem solução imediata.
Por abordar a influência da “machosfera” e a formação de uma nova subjetividade digital, Adolescência convida o público a pensar sobre como a busca por aceitação online pode desencadear comportamentos extremos.
Essa reflexão, segundo muitos críticos, lembra Elefante (2003), de Gus Van Sant, no qual a violência em escolas é observada a partir do ponto de vista dos próprios estudantes. Assim como no filme, a série prefere manter o mistério em torno das causas exatas, insinuando que a realidade pode ser mais complexa do que qualquer tese.
No fim, é impossível sair ileso. O espectador termina com uma sensação de incômodo, pois a série não oferece uma resolução tranquilizadora. Adolescência apenas evidencia que, em um mundo altamente conectado, a distância entre gerações pode se tornar um abismo cada vez maior.
Talvez seja essa mistura de inquietação e desconforto que explique o sucesso mundial da produção – afinal, ela obriga cada um a enfrentar perguntas incômodas sobre violência, culpa e responsabilidade no cenário virtual em que todos estamos envolvidos.
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