Texto de Alessandra Piassarollo publicado originalmente em Conti Outra
Madre Tereza de Calcutá, dotada de refinado senso de humildade e compaixão, acertou ao dizer que não há pobreza maior do que a falta de amor. De fato, grande parte de nossas decepções e desenganos está relacionada diretamente à pouca quantidade de amor que tem sido oferecida, pela maioria das pessoas.
Temos feito uma relação direta e muito equivocada de que a vida agitada justifica essa escassez de amor. Pode-se até dizer que a pressa favorece a desatenção, a falta de cuidado e de cultivo do amor, e isto sim seria justo dizer. Porém, não há justificativas que bastem para o desamor, visto que o amor deveria ser objetivo de vida.
Também atribuída à Madre Tereza de Calcutá, existe uma história que pode ser intitulada como A lamparina. Conta esse relato que Madre Tereza visitou um senhor de bastante idade, que vivia isolado e em quadro de extrema pobreza. Ao se oferecer para ajudá-lo na arrumação da pequena casa, e depois de ter seu pedido rejeitado, ela insistiu e recebeu permissão. Entre os objetos empoeirados ela encontrou uma lamparina suja e enferrujada. Parecia ter transcorrido muito tempo desde a última vez em que havia sido usada. Ao questionar o homem sobre os motivos para tal, ele disse que não tinha hábito de acendê-la porque não recebia visitas e, portanto, não precisava de luz em sua casa. A madre insistiu, limpou a lamparina e a deixou acesa. Bastante tempo se passou, a ponto de o ocorrido ser quase esquecido, até que Madre Tereza recebeu um recado vindo daquele senhor. As palavras exatas afirmavam: “Contem à minha amiga, que a luz que ela acendeu em minha vida continua brilhando”.
Não que o feito dessa história seja grande em si, o amor dispensado é que foi. E não se pode deixar de notar o poder transformador que ele representou. Nesse sentido, grande é a mudança que um gesto feito em nome do amor pode representar na vida de uma pessoa, sobretudo para aquela que, por motivos diversos, tenha perdido a alegria e o ânimo de viver.
Não foi à toa que se classificou o amor como o mais nobre de todos os sentimentos. Foi justamente pelo poder de transformar escuridão em luz e isso se aplica muito mais no sentido figurado que na combustão do querosene de uma lamparina.
O amor pode ser transmitido e traduzido em gestos simples, em coisas do dia a dia, em outros sentimentos. Amor é carinho, é cuidado, compreensão, respeito ao pensamento diferente. Amor é espera, atenção, paciência. É abraço, ajuda, apoio e uma certa quantidade de dedicação. São coisas somadas, sentimentos espalhados e quando tudo isso se une surge um maravilhoso poder de transformação.
É realmente uma pobreza não saber oferecer amor, porque poder todo mundo pode, basta querer. Infelizmente não foi por equívoco que cantaram a afirmação de que “tem gente que não sabe amar.” É uma pena, mas realmente tem gente que é pobre nisso; que sofre de extrema pobreza de amor, a ponto de não ter nem para si.
Precisamos mesmo é nos livrarmos dessa pobre massacrante. De tudo o que se busca na vida, o principal deve ser o amor. Dar e receber. Ter e repartir, porque amor é sempre luz, nunca escuridão. O mundo seria outro, e todos nós seríamos lamparinas, se aprendêssemos a pensar assim.
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