Lançado há três décadas, o filme “Um Sonho de Liberdade” chegou aos cinemas como uma aposta promissora. Com uma história adaptada do escritor best-seller Stephen King e estrelado por talentos de peso como Tim Robbins e Morgan Freeman, o longa parecia ter tudo para cativar o público.
No entanto, contrariando as expectativas, ele inicialmente enfrentou uma recepção fria nas bilheterias. Hoje, “Um Sonho de Liberdade” é um dos filmes mais celebrados da história, desfrutando de um status de clássico entre os espectadores e finalmente disponível para streaming.
A base para o enredo veio da coletânea de King chamada “Quatro Estações”, na qual outro conto, “Outono da Inocência”, também foi transformado em um filme de sucesso nos anos 80, “Conta Comigo”.
Leia também: O Voo Sequestrado: Veja qual é a história real por trás do novo filme nº 1 da Netflix
Vendo potencial cinematográfico na trama sobre resiliência e amizade entre dois prisioneiros, o roteirista e diretor Frank Darabont decidiu adquirir os direitos da história ainda nos anos 80. Darabont descreveu o material como “tocante e natural para uma adaptação”, o que o motivou a investir no projeto.
A trama gira em torno de Andy Dufresne, um banqueiro injustamente condenado por assassinar sua esposa e o amante dela. Na penitenciária de Shawshank, ele constrói uma amizade inesperada com Red (Morgan Freeman), um prisioneiro experiente.
No cenário brutal da prisão, onde a esperança parece uma palavra proibida, os dois personagens formam uma aliança que desafia as condições opressivas. Para trazer essa atmosfera ao filme, Darabont escolheu o sombrio Reformatório do Estado de Ohio, uma prisão desativada e conhecida por seu passado de abusos, o que emprestou uma sensação de autenticidade e peso emocional à narrativa.
Além da ambientação imersiva, o elenco foi escolhido a dedo. Tim Robbins, aclamado pela atuação em “O Jogador”, e Morgan Freeman, que recentemente tinha aparecido no premiado “Os Imperdoáveis”, formaram a espinha dorsal da trama.
O filme, então, chegou aos cinemas com altas expectativas e aplausos nas exibições de teste, que deixavam a equipe otimista. Liz Glotzer, produtora do longa, descreveu as sessões de teste como “as melhores que já tivemos”. O otimismo era evidente; tudo parecia pronto para um sucesso. Mas o destino tinha outros planos.
O lançamento de “Um Sonho de Liberdade” coincidiu com a estreia de gigantes do cinema, incluindo “Forrest Gump”, estrelado por Tom Hanks, e “Pulp Fiction”, de Quentin Tarantino. Ambos os filmes eram fenômenos culturais, e competiram duramente pelo público, roubando a atenção que o drama de Darabont precisava para brilhar.
Os diálogos icônicos e a intensidade visual desses concorrentes os tornaram praticamente irresistíveis, enquanto o enredo intimista e mais sombrio de “Um Sonho de Liberdade” acabou sendo ofuscado.
Outro fator que pode ter contribuído para o fracasso inicial do filme foi seu título, “The Shawshank Redemption”, que causou confusão entre o público. Morgan Freeman comentou, anos depois, que muitas pessoas sequer conseguiam lembrar o nome.
Em uma entrevista ao “The Graham Norton Show”, ele compartilhou um episódio em que uma fã o abordou dizendo ter amado o filme, mas ao chamá-lo de “The Hudsucker Reduction”. A falta de reconhecimento pelo título acabou se mostrando um entrave significativo na promoção do filme.
Com uma arrecadação abaixo do orçamento, a recepção no cinema foi um baque para a produção. Entretanto, o filme não terminou sua jornada nos cinemas, pois logo foi lançado no mercado de vídeo doméstico. Em VHS, “Um Sonho de Liberdade” começou a ganhar vida nova.
O público que não o viu nas telas descobriu a história nas locadoras, e a resposta foi completamente diferente. O boca a boca se espalhou rapidamente, e o filme logo se tornou o título mais alugado de 1995. Darabont comentou, em uma entrevista de 2004, que o sucesso no vídeo foi um verdadeiro renascimento.
A TV a cabo também desempenhou um papel essencial na disseminação do filme. Na década de 1990, canais de televisão passaram a exibir “Um Sonho de Liberdade” com frequência, e isso contribuiu para sua consolidação como um clássico moderno.
O público foi cativado pela resiliência de Andy e pela amizade com Red, e o boca a boca que antes parecia impossível finalmente ganhou tração. O filme passou a aparecer em listas dos melhores filmes e conquistou uma nova geração de espectadores.
Com o avanço da internet nos anos 2000, os debates e interpretações sobre o filme tomaram força. Fãs desenvolveram teorias sobre o simbolismo na obra, com alguns interpretando Andy Dufresne como uma figura de inspiração religiosa, representando a superação e o sacrifício.
Outros discutiam o filme como uma alegoria existencialista, explorando o sentido da liberdade em meio ao confinamento. Darabont nunca negou as múltiplas camadas de interpretação, mas revelou que algumas leituras o surpreendiam. Ele comentou sobre uma teoria em particular, na qual os doze homens que Andy ajuda a educar simbolizariam os doze apóstolos. “Nunca pensei nisso”, confessou.
A aceitação de “Um Sonho de Liberdade” entre os fãs chegou a tal ponto que, em 2015, o filme foi incluído no Registro Nacional de Filmes dos EUA pela Biblioteca do Congresso. Esse reconhecimento formal reforçou a importância da obra e honrou o apoio contínuo dos fãs que o mantiveram vivo ao longo dos anos. Para Darabont, esse apoio sempre foi uma recompensa valiosa, e ele expressou profunda gratidão ao público.
Atualmente, o filme lidera a lista dos 250 melhores filmes do IMDb, votada pelos próprios espectadores. Sua posição no topo reflete não só a resiliência do enredo, mas a transformação de “Um Sonho de Liberdade” em uma obra que toca o coração de diferentes gerações. Disponível em streaming, o filme continua a inspirar e a provocar reflexões sobre o significado da esperança e da liberdade.
Leia também: Se você está se sentindo deprimido e sem vontade de viver, precisa ler este poderoso conselho do Papa Francisco
Compartilhe o post com seus amigos! 😉