Maira Garcia é redatora, cantora, compositora e poeta, natural de Ribeirão Pires. Atualmente é uma das mediadoras da Roda de Poesia do Centro de Arte e Promoção Social do Grajaú.
Poeta que vê a poesia nas frestas do dia, vai lançar o seu primeiro livro no dia 31 de agosto e afirma que boa parte do seu livro de poesia nasceu dos trajetos entre o ABC e São Paulo, Centro e Zona Leste, na ida e na volta do trabalho, e também do Grajaú.
Muitos deles foram criados na rua, e dentro do trem, do metrô, ou entre as fotos que a poeta faz. Segundo Geruza Zelnys, a poeta que escreve a quarta capa do seu livro, “os poemas de Maira Garcia chegam com a finíssima poeira dourada das ruas. o sol ainda raiando das 5h, depois da lua de ontem, ilumina os acentos de uma tradição marginal que mistura o dizer coloquial e espontâneo de uma cidade em trânsito – metrôs, postes, pixos, saraus no fundo dos bares – à técnica fotográfica das capturas pelo celular.”
A organização do livro ficou a cargo do escritor Caio Silveira Ramos, e a capa tem a arte do artista plástico e fotógrafo Gal Oppido. O lançamento de Depois da Lua de Ontem, convite da editora Patuá, do poeta e editor Eduardo Lacerda, acontece dia 31 de agosto, das 19h até 23h30, no bar da editora, o Patuscada, que fica na Rua Luís Murat, 40, Pinheiros, São Paulo. A entrada é franca.
Abaixo, selecionamos 4 poemas que integram o livro para a sua degustação e deleite:
“Se eu gosto de um poema
leio de todo jeito,
frente e verso,
com
respeito e despeito.
De baixo pra cima,
de cima pra baixo.
Leitura corrida,
escorrida,
lenta, dormida,
ao contrário.
Se eu gosto de um poema,
leio, monto, desmonto,
caio, levanto.
Esvazio e me farto.
Me alimento,
me perco nele,
e encontro um pretexto
para sair do mesmo lugar,
ir embora agora,
e na mesma hora voltar.”
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“Para cada verso que escrevo,
é uma noite a menos.
Há muito que não durmo.
Tenho olhos de sono,
semiabertos
descobertos.
Eu sei que a vida
é sonho desperto.”
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“A reforma
Um tanque de água transbordando
molhava os pés em todo canto.
Enxugando com um pano
as pegadas deram pistas
que um ladrilho florescia no jardim.”
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Menino acha que é dono da rua.
Deixa a mãe em desassossego
Empinando a lua.
Puxa um fio
Sem cortante
Desvia das estrelas com barbante
Descansa na calçada.
Mas a mãe grita:
“Já pra casa!”