O intelectual que produz manchetes, aquele que quer a todo custo ser fácil, o que deseja ser visto, como um artista de “vaudeville”, e não ouvido no que tem a dizer é a presa da instrumentalização pela mídia: os perigos de uma certa televisão são claros e graves.
Daí a reação que começa na Europa, dos verdadeiros intelectuais se recusando a comparecer de forma indiscriminada diante da televisão. Nosso trabalho não é produzir flashes, frases, mas ajudar a produzir consciência. A cautela do intelectual perante a mídia televisiva não significa recusá-la, porque o intelectual necessita da difusão do seu trabalho.
Mas é necessário ser prudente, prudência que apenas vem da consciência do papel que temos para exercer.”
(Trecho do discurso proferido por Milton Santos ao receber o título de Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Ciências Humanas, Letras e Artes da USP, em 1997.)”