Conta a fábula que durante a era glacial, quando parte do globo terrestre estava coberto por densas camadas de gelo, milhares de animais não resistiram ao frio intenso e morreram congelados.
Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, tentando sobreviver desesperadamente, começou a se juntar mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro, aquecendo-se mutuamente. Porém, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital. E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se, por não suportarem mais os espinhos dos seus semelhantes. Afinal, doíam muito.
Essa, no entanto, não foi a melhor solução, pois quando se distanciaram uns dos outros, logo começaram a morrer congelados. Os que não morreram voltaram a se aproximar pouco a pouco, com precaução, de tal forma que, unidos, cada qual conservava certa distância mínima do outro, suficiente para conviver sem ferir nem causar danos recíprocos. Assim, suportaram-se e sobreviveram à longa era glacial.
Embora os relacionamentos possam provocar feridas, causadas pelo choque das nossas diferenças, aprender a conviver com os defeitos do outro é a única maneira de nos salvarmos da prisão dos nossos egos.
Conviver é uma arte. Estar próximo do outro, mas sempre guardar uma distância ideal para que cada um tenha seu próprio espaço é a grande saída.
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